Projeção aponta para segundo turno empolgante
Político por vocação e estatístico diletante, o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, já se ocupa do segundo turno da eleição presidencial, quando a maioria das pessoas ainda especula sobre as chances de a presidente Dilma Rousseff vencer no primeiro turno. Saulo não só acha líquido e certo o segundo turno, como também que a reeleição da presidente não será tarefa fácil.
Os prognósticos do secretário-geral do PSD, primeiro partido a declarar formalmente apoio à reeleição de Dilma, costumam ser respeitados no Congresso. Ele em geral acerta. Em abril de 2010, quando José Serra tinha quase 60% das intenções de voto e o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, dizia que Dilma não chegaria ao segundo turno da eleição, Saulo cravou: não havia hipótese de vitória para Serra.
Em documento que enviou a amigos, Saulo prevê uma disputa empolgante em 26 de outubro, a partir da análise das duas últimas pesquisas Datafolha e Ibope. Os dados que devem preocupar a presidente, na avaliação de Saulo, "são aqueles que traduzem as preferências por região do país".
No Nordeste e no Norte, a intenção de votos em Dilma é de 52% e 53%, respectivamente. Um ótimo resultado, ele admite, mas o eleitorado das duas regiões representa apenas 34,52% do total. Por outro lado, nas demais regiões, que detêm 65,48% do eleitorado, as indicações em Dilma ficam na casa dos 30%. Mantidos esses percentuais, Dilma se assegura no segundo turno. "Apenas isso", diz.
Saulo ensaia uma explicação para a baixa performance de Dilma. "Existe na candidatura da presidente uma dualidade que não é comum nas eleições no Brasil", raciocina. "A candidata é forte, mas não tanto quanto seu partido. Eleitoralmente essa força dupla funciona para o bem e para o mal. A indagação primeira é de quem é a maior rejeição entre esses eleitores que não querem renovar o mandato da presidente: de Dilma ou do PT? Pesquisas qualitativas seriam capazes de oferecer muitas luzes sobre a questão, mas há indícios claros de que o desgaste maior é do partido". Ele mesmo não tem dúvida: "No cotidiano poucas vezes se escutará alguém dizendo que não aguenta mais a Dilma. O corriqueiro é o não eleitor de Dilma dizer que não aguenta mais o PT".
O secretário-geral do PSD vê no exclusivismo do PT outro peso a ser carregado pela candidata à reeleição. "Em um governo de coalizão partidária o mandatário tem que prestigiar sempre todos seus parceiros. Não foi bem o que aconteceu no governo Dilma, principalmente porque o PT sempre se recusou a partilhar o poder", argumenta Saulo. "O preço que se está pagando agora é visível: há uma frouxidão inconteste no apoio que a presidente está recebendo de seus parceiros, que, ao que parece, vão contribuir mais com o tempo de televisão do que vestindo a camisa".
Saulo questiona quem será o principal agente da propaganda da reeleição, "Dilma com seus feitos ou os 12 anos de governo do PT"? Para o pessedista, "pode parecer uma heresia, mas não me acanho em afirmar que a presença mandatária de Lula no programa eleitoral pode representar um prejuízo e não um ganho". Motivo? "Apesar de seu enorme prestígio pessoal ele é a própria imagem do PT. Ele encarna o PT como ninguém e tudo indica que parcela relevante do eleitorado brasileiro está querendo um descanso - mais ou menos o que aconteceu na Inglaterra em 1945, quando a população, embora grata e reconhecida, recusou nas eleições manter o poder nas mãos de Winston Churchill".
Saulo entende que "a estratégia da campanha de Dilma no horário eleitoral deve ser ela, muito ela, quase só ela, porque isso definirá os rumos de sua campanha no segundo turno. É vital que então, no segundo turno, o eleitor enxergue a Dilma mais e o PT menos, mas isso vai depender da imagem que será criada na campanha do primeiro turno. Não será impossível, poderá até ser provável, que os adversários de Dilma na campanha concentrem as baterias mais no PT do que na própria Dilma".
De volta aos números, Saulo registra que Dilma, em 2010, teve 47% dos votos válidos, no primeiro turno. As medições atuais "indicam uma possibilidade muito remota de que nesta eleição a presidente se aproxime desse desempenho". Mas na opinião de Saulo o que deveria mesmo "preocupar os comandantes da campanha petista, em um segundo turno acirrado, são as perspectivas de desempenho nos quatro colégios eleitorais mais importantes".
Nesses colégios - São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia - a presidente teve uma vantagem de 4,4 milhões de votos sobre José Serra, no segundo turno, diferença que dificilmente deve se repetir agora, pelo que indicam as pesquisas. "Pouco provável, mas digamos que em São Paulo o resultado se repita. Em Minas, principalmente se o adversário for Aécio Neves (PSDB), a presidente perderá por 3 milhões de votos. No Rio deve perder por 1 milhão de votos, consequência do isolamento do PT no Estado, e na Bahia deve ganhar por uma diferença muito menor, porque seus opositores tendem a ganhar a eleição de governador e isso comprometerá muito o desempenho da presidente no segundo turno. Uma vantagem de 1 milhão de votos já é uma previsão muito otimista".
Balanço final: "empata em São Paulo, perde por 3 milhões em Minas, perde por 1 milhão no Rio e perde 1,7 milhões de votos na Bahia. Perda total de 5,7 milhões de votos". Na eleição passada, Dilma teve 55,7 milhões de votos. Em 26 de outubro, portanto, pelas contas de Saulo, terá algo em torno de 50,1 milhões, enquanto seu adversário teria os 43,7 milhões de Serra, naquela eleição, mais os 5,7 milhões que Dilma vier a perder nessas eleições. "Esta estimativa significa que a presidente teria 55% dos votos da Bahia, 46% dos votos do Rio e São Paulo e 40% dos votos de Minas. Uma estimativa muito realista, senão otimista, diante dos números das pesquisas", diz Saulo.
São Paulo, Rio, Minas e Bahia concentram 69 milhões de eleitores, praticamente a metade do eleitorado. E o perfil básico desses eleitores não autoriza prever "uma mudança radical de rumo".
Os prognósticos do secretário-geral do PSD, primeiro partido a declarar formalmente apoio à reeleição de Dilma, costumam ser respeitados no Congresso. Ele em geral acerta. Em abril de 2010, quando José Serra tinha quase 60% das intenções de voto e o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, dizia que Dilma não chegaria ao segundo turno da eleição, Saulo cravou: não havia hipótese de vitória para Serra.
Em documento que enviou a amigos, Saulo prevê uma disputa empolgante em 26 de outubro, a partir da análise das duas últimas pesquisas Datafolha e Ibope. Os dados que devem preocupar a presidente, na avaliação de Saulo, "são aqueles que traduzem as preferências por região do país".
No Nordeste e no Norte, a intenção de votos em Dilma é de 52% e 53%, respectivamente. Um ótimo resultado, ele admite, mas o eleitorado das duas regiões representa apenas 34,52% do total. Por outro lado, nas demais regiões, que detêm 65,48% do eleitorado, as indicações em Dilma ficam na casa dos 30%. Mantidos esses percentuais, Dilma se assegura no segundo turno. "Apenas isso", diz.
Saulo ensaia uma explicação para a baixa performance de Dilma. "Existe na candidatura da presidente uma dualidade que não é comum nas eleições no Brasil", raciocina. "A candidata é forte, mas não tanto quanto seu partido. Eleitoralmente essa força dupla funciona para o bem e para o mal. A indagação primeira é de quem é a maior rejeição entre esses eleitores que não querem renovar o mandato da presidente: de Dilma ou do PT? Pesquisas qualitativas seriam capazes de oferecer muitas luzes sobre a questão, mas há indícios claros de que o desgaste maior é do partido". Ele mesmo não tem dúvida: "No cotidiano poucas vezes se escutará alguém dizendo que não aguenta mais a Dilma. O corriqueiro é o não eleitor de Dilma dizer que não aguenta mais o PT".
O secretário-geral do PSD vê no exclusivismo do PT outro peso a ser carregado pela candidata à reeleição. "Em um governo de coalizão partidária o mandatário tem que prestigiar sempre todos seus parceiros. Não foi bem o que aconteceu no governo Dilma, principalmente porque o PT sempre se recusou a partilhar o poder", argumenta Saulo. "O preço que se está pagando agora é visível: há uma frouxidão inconteste no apoio que a presidente está recebendo de seus parceiros, que, ao que parece, vão contribuir mais com o tempo de televisão do que vestindo a camisa".
Saulo questiona quem será o principal agente da propaganda da reeleição, "Dilma com seus feitos ou os 12 anos de governo do PT"? Para o pessedista, "pode parecer uma heresia, mas não me acanho em afirmar que a presença mandatária de Lula no programa eleitoral pode representar um prejuízo e não um ganho". Motivo? "Apesar de seu enorme prestígio pessoal ele é a própria imagem do PT. Ele encarna o PT como ninguém e tudo indica que parcela relevante do eleitorado brasileiro está querendo um descanso - mais ou menos o que aconteceu na Inglaterra em 1945, quando a população, embora grata e reconhecida, recusou nas eleições manter o poder nas mãos de Winston Churchill".
Saulo entende que "a estratégia da campanha de Dilma no horário eleitoral deve ser ela, muito ela, quase só ela, porque isso definirá os rumos de sua campanha no segundo turno. É vital que então, no segundo turno, o eleitor enxergue a Dilma mais e o PT menos, mas isso vai depender da imagem que será criada na campanha do primeiro turno. Não será impossível, poderá até ser provável, que os adversários de Dilma na campanha concentrem as baterias mais no PT do que na própria Dilma".
De volta aos números, Saulo registra que Dilma, em 2010, teve 47% dos votos válidos, no primeiro turno. As medições atuais "indicam uma possibilidade muito remota de que nesta eleição a presidente se aproxime desse desempenho". Mas na opinião de Saulo o que deveria mesmo "preocupar os comandantes da campanha petista, em um segundo turno acirrado, são as perspectivas de desempenho nos quatro colégios eleitorais mais importantes".
Nesses colégios - São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia - a presidente teve uma vantagem de 4,4 milhões de votos sobre José Serra, no segundo turno, diferença que dificilmente deve se repetir agora, pelo que indicam as pesquisas. "Pouco provável, mas digamos que em São Paulo o resultado se repita. Em Minas, principalmente se o adversário for Aécio Neves (PSDB), a presidente perderá por 3 milhões de votos. No Rio deve perder por 1 milhão de votos, consequência do isolamento do PT no Estado, e na Bahia deve ganhar por uma diferença muito menor, porque seus opositores tendem a ganhar a eleição de governador e isso comprometerá muito o desempenho da presidente no segundo turno. Uma vantagem de 1 milhão de votos já é uma previsão muito otimista".
Balanço final: "empata em São Paulo, perde por 3 milhões em Minas, perde por 1 milhão no Rio e perde 1,7 milhões de votos na Bahia. Perda total de 5,7 milhões de votos". Na eleição passada, Dilma teve 55,7 milhões de votos. Em 26 de outubro, portanto, pelas contas de Saulo, terá algo em torno de 50,1 milhões, enquanto seu adversário teria os 43,7 milhões de Serra, naquela eleição, mais os 5,7 milhões que Dilma vier a perder nessas eleições. "Esta estimativa significa que a presidente teria 55% dos votos da Bahia, 46% dos votos do Rio e São Paulo e 40% dos votos de Minas. Uma estimativa muito realista, senão otimista, diante dos números das pesquisas", diz Saulo.
São Paulo, Rio, Minas e Bahia concentram 69 milhões de eleitores, praticamente a metade do eleitorado. E o perfil básico desses eleitores não autoriza prever "uma mudança radical de rumo".
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28 de maio de 2014
Raymundo Costa, Valor Econômico
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