Em que pese a paixão pelo futebol ser compartilhada por muitos países mundo afora, é razoável supor-se que a forte associação desse esporte com o patriotismo possui características só encontradas no Brasil.
O frisson que se apodera do povo quando a seleção está em campo, é somente comparável à emoção sentida pela população de um país quando seu exército- no caso presente, os onze gladiadores- luta pela glorificação do orgulho nacional contra um inimigo externo. Corações e mentes polarizados, enrolados em verde e amarelo, arrepios, lágrimas e a alegria incontida do gol, são acompanhadas por erupções de amor pela pátria.
As ocasiões em que a seleção vence os mundiais - já são cinco - explodem em manifestações catárticas, durante as quais bradam-se ao mundo as virtudes e potencialidades do povo que habita este rincão abaixo do Equador.
Já houve até quem afirmasse que o futebol é a pátria de chuteiras e que, antes da primeira conquista, o país sofria de um complexo de vira-lata.
É natural que assim seja, face à carência, ao longo de sua história, de grandes escritores, de notáveis cientistas, de políticos realizadores e de pensadores profundos, fato ilustrado por não ser capaz de produzir até hoje um agraciado com um Prêmio Nobel, quando vários vizinhos do mesmo continente ostentam vários.
Não que tal laurel seja importante mas sinaliza muitas vezes a importância que outros países dedicam à educação dos seus habitantes.
Orgulhemo-nos do nosso futebol, sim, mas exijamos de quem nos governa que cumpra as promessas de campanhas eleitorais, calcadas desde sempre na melhoria do nível de educação do povo.
Quem sabe, um dia nos emocionaremos com outras conquistas tão ou mais importantes que as relacionadas ao futebol?
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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