Melhoria do padrão de vida, com acesso ao crédito, por exemplo, não parece compensar a insatisfação com a precariedade na prestação de serviços públicos básicos
Com a parte inicial da Copa do Mundo coincidindo com o período em que os partidos farão suas convenções, demorará mais que o o usual para as eleições entrarem no radar das preocupações da população. E se a Seleção mostrar em campo o que se espera dela, indo à final no domingo 13 de julho, no Maracanã, mais tempo deverá levar para que suba a temperatura da disputa, mesmo que o programa eleitoral vá ao ar a partir do o início de julho.
Este é um dos motivos pelos quais as pesquisas que têm sido feitas não servirem como delineadores seguros das tendências do eleitorado em outubro.
Mas pelo menos parece certo que, devido a uma série de fatores, entre eles a própria conjuntura da economia e algumas de suas perspectivas, a tentativa do segundo mandato de Dilma Rousseff deverá ser o maior desafio do PT desde a primeira vitória de Lula em 2002.
Apesar da importância relativa das pesquisas, em que Dilma se mantém favorita, um sugestivo dado precisa ser levado em consideração: a candidata à reeleição lidera as sondagens, com 40% das intenções de voto, mas 70% dos entrevistados desejam mudanças no governo.Há um extenso campo para especulações em torno desta aparente contradição. Que talvez sequer exista.
No domingo, reportagens de O GLOBO sobre os motivos da satisfação/insatisfação do brasileiro e acerca dos efeitos corrosivos da inflação no bolso da “nova classe média” ajudam na garimpagem do porquê a maioria dos eleitores desejam Dilma no Planalto, mais uma proporção bem maior quer mudanças.
Em síntese, pesquisa da FGV, da Diretoria de Análise de Políticas Públicas, feita junto a 3.600 pessoas, entre março e abril, nas principais regiões metropolitanas, concluiu que se a vida melhorou dentro de casa, se degradou bastante fora. A razoável proporção de 41% dos entrevistados responderam que melhoraram de situação financeira nos últimos cinco anos, e 52% consideram que também será assim nos próximos cinco. Em contrapartida, Saúde, Segurança, Transporte e Educação foram reprovados majoritamente: o menor índice (57%) foi o de insatisfação com a Educação no Recife e o maior (85%) no Transporte, em Brasília.
Supõe-se que os que melhoraram o padrão de vida, com o grande acesso ao crédito dos últimos anos, com o qual mobiliaram, reformaram a casa e adquiriram eletrodomésticos, tendam a preferir manter tudo como está em Brasília. Mas como padecem da falta de serviços públicos essenciais, querem mudanças. E tratam-se de serviços que dependem do Estado.
Outro aspecto é o impacto da inflação nos salários de que acaba de ascender à classe média. Pelos cálculos do Instituto Data Popular, a a elevação dos preços subtraiu, em um ano, R$ 73 bilhões do poder de compra desta faixa da população.
Descaso com investimentos em infraestrutura urbana e desleixo diante da inflação começam a aparecer no pano de fundo destas eleições. Qual o efeito final nas urnas, ainda não é possível saber. Mas estas são questões a serem consideradas.
Com a parte inicial da Copa do Mundo coincidindo com o período em que os partidos farão suas convenções, demorará mais que o o usual para as eleições entrarem no radar das preocupações da população. E se a Seleção mostrar em campo o que se espera dela, indo à final no domingo 13 de julho, no Maracanã, mais tempo deverá levar para que suba a temperatura da disputa, mesmo que o programa eleitoral vá ao ar a partir do o início de julho.
Este é um dos motivos pelos quais as pesquisas que têm sido feitas não servirem como delineadores seguros das tendências do eleitorado em outubro.
Mas pelo menos parece certo que, devido a uma série de fatores, entre eles a própria conjuntura da economia e algumas de suas perspectivas, a tentativa do segundo mandato de Dilma Rousseff deverá ser o maior desafio do PT desde a primeira vitória de Lula em 2002.
Apesar da importância relativa das pesquisas, em que Dilma se mantém favorita, um sugestivo dado precisa ser levado em consideração: a candidata à reeleição lidera as sondagens, com 40% das intenções de voto, mas 70% dos entrevistados desejam mudanças no governo.Há um extenso campo para especulações em torno desta aparente contradição. Que talvez sequer exista.
No domingo, reportagens de O GLOBO sobre os motivos da satisfação/insatisfação do brasileiro e acerca dos efeitos corrosivos da inflação no bolso da “nova classe média” ajudam na garimpagem do porquê a maioria dos eleitores desejam Dilma no Planalto, mais uma proporção bem maior quer mudanças.
Em síntese, pesquisa da FGV, da Diretoria de Análise de Políticas Públicas, feita junto a 3.600 pessoas, entre março e abril, nas principais regiões metropolitanas, concluiu que se a vida melhorou dentro de casa, se degradou bastante fora. A razoável proporção de 41% dos entrevistados responderam que melhoraram de situação financeira nos últimos cinco anos, e 52% consideram que também será assim nos próximos cinco. Em contrapartida, Saúde, Segurança, Transporte e Educação foram reprovados majoritamente: o menor índice (57%) foi o de insatisfação com a Educação no Recife e o maior (85%) no Transporte, em Brasília.
Supõe-se que os que melhoraram o padrão de vida, com o grande acesso ao crédito dos últimos anos, com o qual mobiliaram, reformaram a casa e adquiriram eletrodomésticos, tendam a preferir manter tudo como está em Brasília. Mas como padecem da falta de serviços públicos essenciais, querem mudanças. E tratam-se de serviços que dependem do Estado.
Outro aspecto é o impacto da inflação nos salários de que acaba de ascender à classe média. Pelos cálculos do Instituto Data Popular, a a elevação dos preços subtraiu, em um ano, R$ 73 bilhões do poder de compra desta faixa da população.
Descaso com investimentos em infraestrutura urbana e desleixo diante da inflação começam a aparecer no pano de fundo destas eleições. Qual o efeito final nas urnas, ainda não é possível saber. Mas estas são questões a serem consideradas.
26 de maio de 2014
Editorial O Globo
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