"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

"ESCURIDÃO"

 


Na quarta-feira, 28, um apagão de grandes proporções deixou nove estados do Nordeste sem energia por algumas horas. O ministro Edson Lobão correu para informar que uma queimada em Canto do Buriti, no Piauí, tinha derrubado o sistema de transmissão. A versão não durou nem mesmo um dia. Foi contestada pelo Ibama-PI, que não enxergou nas imagens de satélite incêndio capaz de provocar tal dano.
 
Foi o nono apagão do governo Dilma Rousseff. Mais um sem explicação convincente.
 
À noite, outro apagão – desta vez moral – afundava a Câmara dos Deputados em trevas ainda mais profundas. Ali, com a anuência de 131 votos, 41 abstenções e 104 ausências, preservou-se o mandato do deputado Natan Donadon (RO), condenado a quase 13 anos de prisão.
 
O parlamentar, que pouco antes da votação chegara algemado, vindo da Papuda direto para a tribuna, quase não acreditou no desfecho. Para reverter o dano, tenta-se agora jogar luzes sobre o fim do voto secreto, tema reincidente sempre que a Câmara absolve um dos seus. Mas que, rapidamente, se apaga.
 
O País assistiu ainda a mais um apagão na diplomacia petista, que começou no domingo e se arrastou durante toda a semana, sem ao menos uma lamparina para clareá-lo.




Desde que o PT chegou ao poder com o presidente Lula, o Itamaraty se ideologizou. A ponto de se ajoelhar diante do presidente Evo Morales, não por uma vez, mas por várias. Quer na expropriação da Petrobrás, quer na prisão, por meses a fio, de torcedores corintianos, ou na consentida enrolação de não conceder salvo conduto ao senador oposicionista Roger Pinto Molina, confinado há um ano e meio na embaixada brasileira de La Paz.
 
Poderosa diante da leniência brasileira, a Bolívia aproveita-se da cegueira e joga o seu jogo. Ao mesmo tempo em que denuncia a fuga do senador à Interpol, Evo arvora-se em ameaças – “nenhum governo pode encobrir ou defender corruptos”. E, sorridente, garante à presidente Dilma Rousseff, que o episódio não afetará as relações bilaterais Bolívia-Brasil. Nessa ordem.
 
Em 2012, o Inpe registrou 193.838 queimadas. Só em agosto deste ano foram 16.605. Ou bem o governo mentiu sobre as causas do apagão do Nordeste, ou corremos o risco de ter um sistema vagalume. Quanto à Câmara, essa, há tempos se autocondenou à escuridão.
 
Já as relações externas, Dilma acaba de entregá-las ao ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Luís Inácio Adams, o mesmo que antecipou que o Brasil não concederá asilo a médicos cubanos e que prefere ver o senador Molina noutras paragens. Quer que ele renove o pedido de asilo. Tudo indica que novos apagões virão.

02 de setembro de 2013
Mary Zaidan

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