O presidenciável e deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) escolheu o dia desta quinta-feira, dia 1.º, o segundo consecutivo marcado por tiroteios na Cidade de Deus, comunidade na Zona Oeste carioca – para uma visita-surpresa à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) local.
Desconsiderando o clima tenso na região, onde os confrontos entre policiais e criminosos voltaram a causar a interrupção do tráfego na Linha Amarela, o pré-candidato a presidente confraternizou e posou para fotos com os PMs. Os policiais militares são, tradicionalmente, parte expressiva do eleitorado do parlamentar, capitão da reserva do Exército.
APOIO – “Não ouvi nenhum tiro”, disse o deputado ao Estado. “Foi tranquilo. Eles me receberam muito bem. Fui dar o meu apoio. Aqui no Brasil, a polícia não tem autoridade, é muito diferente da Europa, por exemplo. Aqui, ela é escanteada, acusada, trabalha em péssimas condições.”
De acordo com a sua equipe, Bolsonaro voltava de um compromisso em Bento Ribeiro, na Zona Norte, e “parou para ver o que estava acontecendo” na Cidade de Deus, por volta das 11h. Poucas horas antes, um tiroteio na Linha Amarela, próximo à Cidade de Deus, havia fechado a via.
CENA – Ao chegar à UPP, Bolsonaro foi saudado por policiais militares ao estilo militar, com continências. Alguns agentes o chamaram de “chefe”. Em fotos que circularam nas redes sociais, o presidenciável aparece ao lado de PMs que portavam fuzis, dentro da base. O parlamentar também circulou pela parte da favela que fica perto da base da PM. Ali, tirou fotos ao lado de carros blindados da corporação, conhecidos como caveirões. Também conversou com alguns moradores. A visita durou cerca de 20 minutos.
Segundo a equipe do presidenciável, a ideia de ir à Cidade de Deus foi de um dos filhos do deputado, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC), que o acompanhou na visita. Carlos tem se empenhado na possível candidatura do pai, e seu gabinete na Câmara dos Vereadores tem funcionado como uma espécie de “QG” da futura campanha.
Bolsonaro cultiva eleitores entre militares e policiais. O deputado costuma ir a enterros de PMs mortos por criminosos no Estado, quando está no Rio. Também comparece a formaturas de turmas da corporação, além de trocas de comando e solenidades nas Forças Armadas.
OFICIAIS – O Estado procurou o comando da Polícia Militar para saber sua opinião sobre a ação do parlamentar durante a operação da corporação na Cidade de Deus. A PM respondeu que o assunto deveria ser tratado com a assessoria de imprensa da Unidade de Polícia Pacificadora, que a reportagem consultou. Até a conclusão desta edição, não havia resposta.
03 de fevereiro de 2018
Constança Rezende
Estadão
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