"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

CREDITO À ECONOMIA

Concessão de empréstimos a famílias e empresas volta a crescer
O crédito bancário volta a dar sinais de vida, depois de longo período de paralisia. Apesar de o volume total emprestado a empresas e famílias ter fechado o ano passado com pequena queda, de 0,6%, existem dados que indicam um princípio de retomada.

O fluxo de novas concessões passou a crescer, com queda da inadimplência e dos juros, rompendo o ciclo perverso que estrangulou o setor privado e aprofundou a recessão de 2014-16.

As pessoas físicas lideraram o processo, com alta de 8,4% nas novas operações. A queda da inflação protegeu a renda das famílias e facilitou a expansão do consumo.

Os juros médios ainda são altíssimos 32%, em média, e 55% se forem desconsideradas as modalidades direcionadas por lei, como habitação. Entretanto as taxas caíram entre dez e 20 pontos percentuais ao longo de 2017.

A novidade mais recente se dá nos financiamentos para empresas, que enfim romperam o torpor. No último trimestre, houve alta de 16%, a indicar tanto uma recuperação da demanda quanto a maior disposição dos bancos.

Pode-se afirmar que tende a crescer neste ano o volume de crédito na economia que caiu de 55,7% do Produto Interno Bruto ao final de 2015 para 47,1% no passado. O retorno estará mais ancorado nas instituições privadas, que voltam a ganhar participação de mercado.

Enquanto isso, os bancos públicos, sobretudo o BNDES, reduzem operações. O fenômeno é de certa forma natural, na medida em que o banco de desenvolvimento tem foco em financiar o investimento de longo prazo, modalidade que leva mais tempo para reagir às condições econômicas.

De todo modo, as consultas ao BNDES ao menos estão em expansão, o que prenuncia aumento dos desembolsos mais adiante.

A melhora do crédito se soma a outros indicadores positivos, em especial quanto à confiança geral da população. A pesquisa mais recente do Datafolha indica o menor pessimismo com a economia em três anos. Ou, vale dizer, desde o início da crise.

Ainda são elevadas as parcelas dos brasileiros para os quais vai aumentar o desemprego (47%) e a inflação (55%). A evolução benigna das duas variáveis tende a reduzir tais percentuais.

A superação do ciclo recessivo, porém, avança em bases frágeis. Não está garantida a estabilização da dívida do governo, fundamental para que os juros continuem a cair e permaneçam em patamares menos extorsivos.

Mesmo que o PIB cresça 3% neste ano, prognóstico que se torna mais crível, restará muito para recuperar o terreno perdido houve queda de 6,9% no biênio 2015-16.

Mais difícil será manter um dinamismo perene, o que depende de reformas em áreas tão diversas como tributos, abertura econômica e reforma do Estado.


03 de fevereiro de 2018
Editorial Folha de SP

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