"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

"OPERAÇÃO ABAFA" TEVE ALGUMAS VITÓRIAS, MAS A LAVA JATO REAGIU COM FORÇA TOTAL

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Temer enfrenta clima de inferno astral
A mancada da gravação do empresário Joesley Batista com o executivo Ricardo Saud encheu de entusiasmo os mentores da chamada “Operação Abafa”, destinada a inviabilizar a Lava Jato, nos mesmos moldes da bem-sucedida manobra que sepultou a Operação Mãos Limpas na Itália e levou ao poder um governante sinistro como Silvio Berlusconi.
Embalado pelas declarações escalafobéticas do ministro Gilmar Mendes, o Planalto julgou que estava no melhor dos mundos, achava que as delações seriam anuladas e o Supremo passaria uma borracha em tudo. Sonhar ainda não é proibido, mas não precisavam exagerar tanto assim. O resultado foi um pesadelo, não aconteceu nada disso, era ilusão à toa, no estilo Johnny Alf, porque o inesperado fez uma surpresa e deu tudo errado para a “Operação Abafa”. E a situação acabou piorando muito para os lados de Michel Temer, mas muito mesmo.
“BRAÇO-DIREITO” – Durante várias semanas o Planalto plantou notícias contra Janot. Anunciou que o ex-procurador Marcelo Miller tinha sido “braço direito” do procurador-geral, atuara diretamente no caso JBS e servira como uma espécie de intermediário entre Janot e Joesley. Com a gravação da conversa de Joesley e Saud, a situação ficou pior ainda, porque eles deixaram claro que o objetivo da JBS era usar o ex-procurador Miller para se aproximar de Janot.
Acontece que agora se sabe que Miller jamais foi braço-direito, pois nunca trabalhou diretamente com Janot. Além disso, desde outubro de 2016 ele estava afastado da Procuradoria-Geral, sue trabalho nada tinha a ver com a Lava Jato.
Foi por isso que na sexta-feira, dia 8, o relator Edson Fachin arquivou liminarmente o pedido de prisão de Miller, antes mesmo de tomar conhecimento do depoimento do ex-procurador, que durou 12 horas e só acabou na madrugada se sábado, dia 9.
NOTÍCIAS RUINS – A empolgação inicial do Planalto foi murchando, em meio a uma sucessão de notícias ruins. A primeira delas foi a de que a maioria do Supremo considera válidas as provas da delação premiada da JBS. A segunda notícia acrescentou que a delação será revista, mas sem possibilidade de anulação.
Para acalmar o Supremo, Janot então pediu a prisão de Joesley, Saud e Miller. Como se sabe, o relator Fachin isentou o ex-procurador e mandou prender a dupla etílica JBS, mas decretou apenas prisão temporária, que vale por cinco dias e só pode ser prorrogada por mais cinco dias (Lei 7.960/89). Depois disso, ou vira prisão preventiva ou sobrevém a liberdade ainda que tardia.
E VEM MAIS… – As notícias ruins não pararam de surgir. A delação de Funaro, por exemplo, incriminou Temer no recebimento de propina de R$ 20 milhões da Gol, por conta de uma Medida Provisória de desnacionalização do setor aéreo.
Vem aí a denúncia contra o “quadrilhão” do PMDB, com Temer entre os principais incriminados pela Polícia Federal, e logo depois será lançada a flecha de prata da segunda denúncia de Janot contra o presidente, que será aceita por Fachin, está destinada a seguir para autorização da Câmara, vai começar tudo de novo.
Para culminar, o ministro Luís Roberto Barroso, que vive a denunciar a “Operação Abafa”, é escolhido relator do inquérito que incrimina Temer e seu ex-assessor Rocha Loures num esquema de corrupção no Porto de Santos.  É claro que Temer esperava outro ministro mais compreensivo, como Gilmar Mendes, Alexandre Moraes, Ricardo Lewandowski ou Dias Tofolli, mais o sorteado foi justamente Barroso, o único ministro que tem defendido Janot, dizendo que o procurador nada fez de errado. É muita falta de sorte de Temer, mas há explicação astrológica. O presidente está no auge de seu inferno astral, pois completará 77 anos no próximo dia 23.
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P.S. 
– O pior é que Temer não pode se socorrer com Gilmar Mendes. O amigo teve de sair de cena, porque é totalmente contrário à prisão preventiva de corruptos e, portanto, teria de defender a libertação de Joesley e Saud. Hoje Gilmar tem de comparecer à sessão do Supremo e será assediado pelos repórteres. Vamos ver o que ele inventará desta vez. 
P.S. 2 – Daqui a pouco vamos publicar uma notícia estarrecedora: através da Agência Brasil, o Planalto acusou Fachin de ter desprezado provas apresentadas por Janot no pedido de prisão do ex-procurador Miller. É uma história maluca e escandalosa. Não percam.   (C.N.)

12 de setembro de 2017
Carlos Newton

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