Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por onde começa o julgamento da denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) admite que tem sofrido pressões de todos os lados, mas diz que não irá ceder à “conveniência política”. Para ele, o local do julgamento político é o plenário; na CCJ o parecer tem que ser técnico e “honrado”.
O governo tem pressionado para que o relator seja um aliado. O senhor vai ceder?São naturais as pretensões do governo e da oposição na indicação de nomes para a relatoria, mas eu não abro mão dessa escolha, a partir de critérios técnicos, do conhecimento jurídico e de independência.
Há rumores de que o governo se movimenta para trocar o comando de Furnas para atender a bancada do PMDB mineiro e influenciar sua decisão…Vejo com estranheza essa notícia agora, porque nada me fará arredar da condução isenta desse processo.
Mas o senhor não tem interesse em Furnas?Eu não tenho interesse algum nesse assunto. E vejo que não é o momento para tratar desse tema ou de qualquer outro tema relativo a espaço político de Minas Gerais, já que foi um estado não contemplado pelo governo do presidente Temer. Mas isso não reflete na condução dos trabalhos da CCJ.
Aliados do presidente classificam sua disposição de ser independente como ato de rebeldia devido a pretensões eleitorais…Eu jamais me utilizaria de uma denúncia criminal contra alguém como palanque ou trampolim para pretensão eleitoral. Se a minha postura de condução serena e independente for interpretada como ato de rebeldia, então eu lamento. Tenho que fazer o que é certo, sem aceitar qualquer interferência. É isso o que espera a sociedade brasileira.
O senhor será candidato ao governo de Minas?Eu não coloco isso como prioridade neste momento, embora o meu nome esteja à disposição do grupo político de Minas Gerais.
O senhor teme ser expulso do PMDB, caso seu comportamento desagrade ao governo?Não tenho nenhum temor em relação a isso. E se um dia isso vier a acontecer é porque eu não deveria mesmo permanecer no partido.
O governo quer acelerar o processo e a oposição quer alongar. Como vai ser?O regimento será rigorosamente cumprido. Não vamos nem adiantar, nem atrasar indevidamente. Vamos cumprir o prazo.
01 de julho de 2017
Catarina Alencastro
O Globo
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