"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

PROIBIR A CIRCULAÇÃO DE JORNALISTAS NO PLANALTO DEMONSTRA O DESESPERO DE TEMER


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Temer usa linguagem cifrada e requer tradução simultânea
A princípio, era apenas a Tribuna da Internet que ficava incomodando o Planalto com a suposta teoria conspiratória de que estava sendo armada uma operação conjunta com o Congresso Nacional para inviabilizar a Lava Jato. Durante meses, revelamos aqui no blog, com absoluta exclusividade, que seria adotada uma estratégia semelhante à que deu certo na Itália nos anos 90 e bloqueou o prosseguimento da operação Mãos Limpas, que teve 2.993 mandados de prisão e atingiu 438 políticos, inclusive quatro ex-primeiros-ministros.
A MÍDIA DESPERTOU – Não mais que de repente, diria Vinicius de Moraes, aqui no Brasil a mídia inteira despertou para o assunto, que virou capa da Veja  e nos últimos dias tem sido um festival de denúncias.
Essa reação da mídia brasileira, divulgada pela agência France Press para o mundo inteiro, já era esperada pelo Planalto desde a semana passada, quando mais uma vez o governo Temer proibiu a livre circulação de jornalistas credenciados nos andares em que funcionam a Presidência, a Casa Civil, a Secretaria de Governo e o Gabinete de Segurança Institucional.
Agora, jornalistas só podem entrar no quarto andar se tiverem hora marcada com alguma autoridade, a exemplo do procedimento adotado antes apenas com relação ao terceiro andar, onde fica o gabinete presidencial.
FIM DA TRADIÇÃO – A circulação dos jornalistas no quarto andar sempre foi permitida nos governos militares e nas gestões de Sarney, Collor, Itamar e FHC. Nos governos Lula e Dilma é que a restrição passou a ser imposta. Na gestão interina, Temer chegou a ser elogiado por permitir o acesso a todos os andares, inclusive ao terceiro, onde fica o gabinete presidencial, mas essa liberalidade só durou algumas semanas.
A proibição só passou a incluir o quarto andar em setembro do ano passado, determinada por Márcio de Freitas Gomes, chefe da Assessoria de Imprensa, atendendo a uma ordem dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo). Mas foi uma decisão tipo vacina, que não pegou. E pouco a pouco o controle foi sendo atenuado, os jornalistas voltaram a circular no quarto andar.
Com as denúncias da montagem da Operação Abafa, a proibição foi restabelecida na última quinta-feira, com seguranças postados perto dos elevadores e das escadas, para barrar os jornalistas, e o acesso passou a ser permitido somente com o acompanhamento de um funcionário da Secretaria de Comunicação.
PÓS-MOREIRA – A mudança de procedimento ocorreu logo após a nomeação de Moreira Franco para a Secretaria-Geral, que passou a incorporar a Secretaria de Comunicação (incluindo Imprensa), o Cerimonial e a Administração do palácio, com o consequente esvaziamento da Casa Civil, que manteve apenas uma assessoria de relativa importância, a Subchefia de Assuntos Jurídicos.
Assim que Moreira Franco foi nomeado, começou uma movimentação no quarto andar, com mesas de triagem de segurança instaladas na saída do elevador. Na quinta-feira, dia 9, os seguranças começaram a barrar os jornalistas.
Moreira, que está em situação indefinida até que o plenário do Supremo dê uma palavra final sobre sua nomeação, ainda está alojado no antigo gabinete da Vice-Presidência, fora do palácio, no Anexo 1.
TEMER GANHA TEMPO – O fato concreto é que todos estão assustados com a forte reação à iniciativa palaciana de bloquear a Lava Jato, em manobra já iniciada no Congresso por Rodrigo Maia, Eunício Oliveira e Edison Lobão, os três mosqueteiros que eram quatro e seguem as ordens de Renan Calheiros, uma espécie de D’Artagnan às avessas.
No desespero, Temer convocou os jornalistas para anunciar que não vai blindar ninguém e demitirá todos os ministros que virarem réus na Lava Jato. Em tradução simultânea, disse duas coisas: 1) não pretender blindar mais ninguém, Moreira Franco foi o último; 2) não vai demitir nenhum ministro citado na Lava Jato, não importa a gravidade de acusação, pois só os demitirá depois que virarem réus.
Na verdade, Temer quer apenas ganhar tempo e controlar a situação, enquanto os ridículos mosqueteiros lutam para inviabilizar a Lava Jato, através da aprovação daquela série de projetos já denunciados repetidas vezes aqui na Tribuna da Internet, sempre com exclusividade.
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PS – Temer tem informações seguras de que ele e Moreira Franco não serão denunciados por receber propinas (crime de corrupção), mas somente por caixa dois (crime eleitoral), e podem até sair incólumes, na estranha e inovadora tese do ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE, de que “nem todo caixa dois é crime”, um posicionamento que bate de frente com a ministra Cármen Lúcia, que considera crime a prática do caixa dois eleitoral. Ainda em tradução simultânea, Temer sinalizou aos ministros que, se estiverem envolvidos, devem pedir demissão, até porque ele não os afasta por suspeita de corrupção, apenas induz a que se demitam, conforme ele próprio já declarou, referindo-se a Fabiano Silveira. Romero Jucá, Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima. E la nave va, totalmente felliniana. (C.N.)

14 de fevereiro de 2017
Carlos Newton

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