"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

POLÍCIA FEDERAL APERTA O CERCO NO SESI/SENAI E A ROBSON ANDRADE, ATUAL PRESIDENTE DA CNI




O ministro Fernando Pimentel com o ex-presidente da Fiemg e atual presidente da CNI, Robson Andrade
Fernando Pimentel e Robson Andrade, seu amigo e protetor
Epicentro da Operação Acrônimo e suspeita de obter dinheiro de caixa dois em eleições, a agência de comunicação Pepper Interativa recebeu uma série de pagamentos de entidades do Sistema S, como Sesi e Senai, e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que supervisiona essas instituições.
A agência de comunicação foi financiada ainda por empresas de publicidade contratadas pelo governo federal, na época dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff.
Os dados estão em uma quebra de sigilo fiscal da agência, que traz informações até o fim de 2013. Nesses documentos, o PT e suas campanhas eleitorais aparecem como a maior fonte de pagamentos da empresa, com um total de R$ 15 milhões. A Confederação Nacional da Indústria pagou à agência R$ 326 mil entre os anos de 2008 e 2010.
PIMENTEL E ROBSON – Delator da Acrônimo, o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, conhecido como Bené, acusou o atual presidente da confederação, Robson Andrade, de pagar R$ 1 milhão em caixa 2 para a campanha do petista Fernando Pimentel, hoje governador de Minas, em 2014. O dinheiro iria para empresas credoras da campanha.
Robson Andrade assumiu a confederação em 2010. Em 2009, quando presidia a Federação das Indústrias do Estado de Minas, ele contratou por R$ 1 milhão a P21, empresa de Pimentel, para uma consultoria econômica.
A dona da Pepper, Danielle Fonteles, também relatou em depoimento recebimentos via caixa dois de variadas fontes, mas em 2010, quando Pimentel concorreu ao Senado.
MAIS PAGAMENTOS – Naquela época, o Sesi e o Sebrae já despontavam como importantes fontes da agência. Somando aos pagamentos do Senai e Instituto Euvaldo Lodi (que atua estimulando inovação de empresas), o total pago de 2008 a 2013 chega a R$ 1,9 milhão, em valores não corrigidos.
Quando Pimentel virou ministro do Desenvolvimento, em 2011, indicou Heloisa Meneses, ex-presidente do Instituto Euvaldo Lodi, a uma secretaria vinculada à pasta.
As entidades do Sistema S são de direito privado, mas bancadas na maior parte com contribuições compulsórias recolhidas pelas empresas. O objetivo dessas instituições é estimular treinamento, assistência e consultoria.
INDICAÇÕES POLÍTICAS – Os órgãos costumam ter indicações políticas – o presidente do conselho do Sesi naquela época era Jair Meneguelli, ex-presidente da CUT, que foi substituído em 2015 por Gilberto Carvalho, ex-ministro de Dilma e ex-chefe de gabinete de Lula.
Neste ano, ao assumir, Temer nomeou para o cargo João Henrique de Almeida Sousa, ex-deputado federal filiado ao PMDB do Piauí.
O Tribunal de Contas da União criticou em auditoria, em 2016, a falta de transparência nessas entidades. Questionou, por exemplo, a não divulgação na internet de detalhamento de despesas, demonstrações contábeis e de plano de cargos e salários. Em 2015, o volume de recursos públicos nesses serviços foi de R$ 17,2 bilhões.
OUTROS CONTRATOS – Além da Acrônimo, deflagrada em 2015, a Pepper ganhou notoriedade nas investigações sobre as campanhas de Dilma. Em 2010, a empreiteira Andrade Gutierrez pagou R$ 6,6 milhões à agência. Delatores da empresa afirmam que os repasses se tratavam de caixa dois para a campanha de Dilma.
A quebra de sigilo mostra uma ascensão veloz da Pepper na década passada. De pequena agência até 2007, passou, em 2008, a amealhar contratos públicos, como da Caixa. Chegou a receber pagamentos de cinco ministérios, além de órgãos como o BNDES e a Apex (Agência de Promoção da Exportação).
Entre os financiadores da Pepper, estão outras agências de publicidade, que tinham contratos com o governo federal – as principais são a Nova S/B, com R$ 786 mil pagos, e a Lew Lara, com R$ 1,1 milhão. Em outubro, a Acrônimo fez buscas em três construtoras que pagaram, juntas, R$ 840 mil, à Pepper em 2010. Outro alvo foi o sindicato das empresas de transporte de Belo Horizonte, que pagou R$ 600 mil.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Num país minimamente sério, Fernando Pimentel já teria sido algemado. No Brasil, protegido pelo foro privilegiado, Pimentel comemorou um feliz ano novo, porque já comprou a consciência dos deputados estaduais e não será afastado do cargo. Robson Andrade ordenou pagamento de R$ 1 milhão a Pimentel para não fazer nada. Depois, mentiu, dizendo que os serviços haviam sido prestados. Deveria ser algemado junto com o amigo. Oh, Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais... (C.N.)

03 de janeiro de 2017
Felipe Bächtold e Wálter Nunes
Folha

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