"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 14 de agosto de 2016

DILMA ROUSSEFF PODERÁ RENUNCIAR, ANTES DA CASSAÇÃO?



Charge do Kácio, reprodução do site Metropoles
















Previsto para começar dia 25, o capítulo  final do julgamento  de Dilma Rousseff estará encerrado até o dia 31. No círculo cada vez  mais apertado de seguidores de  Madame, há quem defenda sua ida ao Senado, não apenas para defender-se perante a Historia, mas para, num gesto final de protesto, renunciar. Antes que os senadores começassem a votar pela sua cassação, ela se retiraria do plenário e do processo.
Seria uma reação capaz de misturar as versões daqui a 50 ou 100 anos, mais ou menos como aconteceu com Deodoro da Fonseca. Afinal, ele foi obrigado a renunciar, pela conspiração de Floriano Peixoto, ou surpreendeu o país demonstrando a impossibilidade de governar com a Constituição de 1891?
Do jeito que os fatos se acumulam até agora, os estudantes do século XXII disporão de uma única versão do atual período bicudo: a presidente foi posta para fora por ação do Congresso. Se renunciasse, embaralharia as cartas com o relato de que renunciou reagindo a um golpe de estado. Na verdade, há muito pouca  diferença entre as duas interpretações, mas à medida em que o tempo passar, mais se confundirão os doutos historiadores com a natural simpatia ou antipatia pela figura da presidente.
O que fez Fernando Collor, diante alternativa de perder o mandato por ação de deputados que o acusavam de corrupção, foi renunciar  proclamando-se inocente, coisa que o Supremo Tribunal Federal depois confirmou. Optou pela renúncia, forma de protesto que mais tarde serviu para torná-lo senador. Será que Madame cogita de iniciativa igual?
A renúncia, agora, funcionaria como reação a uma cassação inevitável, ensejando à renunciante condições para apresentar-se como vítima de um golpe, que os analistas do futuro tentarão desvendar.

14 de agosto de 2016
Carlos Chagas


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