O resultado foi inclusive acentuado por Vânia Borgerth, superintendente da Controladoria do BNDES, através de teleconferência exposta na internet. Houve falhas em análises de créditos, afetando a capacidade de pagamento por parte das empresas que tomaram recursos emprestados. Daí o provisionamento incluído no balanço.
FACILIDADES POLÍTICAS – Entretanto, tem-se que levar em conta as facilidades políticas através das quais os créditos foram liberados, incluindo em vários casos a concessão de juros superincentivados. O artificialismo que marcou as administrações da quase ex-presidente Dilma Rousseff, ao lado da influência do ex-presidente Lula em diversas transações envolvendo investimentos de empresas empreiteiras em outros países, a meu ver acarretou a situação de desequilíbrio, pois não tem cabimento qualquer estabelecimento bancário operar praticamente cobrando juros negativos, ou seja taxas inferiores aos índices inflacionários ou a créditos pagos pelo governo federal. Entre estes créditos os baseados na Taxa Selic.
ABAIXO DA SELIC – Essa taxa Selic de 14,25%a/a remunera as notas do Tesouro Nacional que lastreiam a dívida interna federal. Em muitos casos, empresas recebiam créditos do BNDES, ou do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, a taxas inferiores a da SELIC.
Ganhavam assim prazos que separavam o recebimento de recursos do governo da aplicação financeira que fariam e seus projetos. A diferença proporcionava-lhes um lucro fácil sem contrapartida de qualquer risco. Este fenômeno repetido ao longo dos últimos doze ou treze anos funcionou como instrumento de concentração de renda sem o respectivo reflexo no plano social. Prova disso é o índice estratosférico de desemprego que atinge o Brasil e ao mesmo tempo, bloqueia o acesso das novas gerações ao mercado de trabalho na velocidade exigida pelo crescimento demográfico do país.
UM DESASTRE – Todas estas questões acentuam um desastre de grandes dimensões que abalou o Brasil, e criou uma fantasia que não resistiu ao passar de um tempo curto entre sua divulgação e a resposta da realidade. O ex-presidente Lula chegou a dizer que a pobreza extrema no Brasil descera de 25% para uma escala de 3,5 pontos. Os fatos de hoje revelam o contrário das versões de ontem.
Afinal de contas, não tem cabimento um banco de fomento econômico operar com prejuízo. Simplesmente porque significa que o país inteiro está atuando sob um regime de déficit social. E este déficit social que atinge em cheio o presente e ameaça a comprometer o futuro das novas gerações. Algo precisa mudar. O BNDES destacou esta realidade ao iluminar as sombras deixadas pelo passado recente.
14 de agosto de 2016
Pedro do Coutto
Nenhum comentário:
Postar um comentário