Os pouco mais de 80 dias do governo do presidente em exercício Michel Temer conseguiram mudar, para melhor, a percepção do mercado em relação à atividade até o fim de 2018. Dados reunidos pelo Banco Central no relatório Focus mostram que, desde que ele assumiu a presidência, os economistas reduziram a previsão de recessão para 2016, mais que dobraram a projeção de crescimento do PIB para o próximo ano e, para 2018, já chegam a indicar uma expansão de 2%.
Na prática, o curto período do governo interino até agora adicionou cerca de R$ 100 bilhões nas previsões do mercado financeiro para o PIB, conforme cálculos da MCM Consultores Associados. A má notícia é que, no caso da área fiscal, algumas estimativas estão ainda piores que no governo Dilma Rousseff.
Quando Temer assumiu a presidência interinamente, em 12 de maio, a abertura do relatório Focus do BC apontava que os economistas do mercado esperavam uma retração do PIB de 3,88% em 2016, um crescimento de apenas 0,5% no ano seguinte e uma expansão de 1,6% em 2018.
JÁ HOUVE MUDANÇAS – Os dados mais recentes do Focus, de 29 de julho, já davam conta de uma queda de 3,24% este ano, de um avanço de 1,1% em 2017 e de uma alta de 2% em 2018.
Segundo cálculo do economista Mauro Schneider, da MCM, isso significa que, apenas para 2016, o mercado passou a prever cerca de R$ 40 bilhões a mais de PIB com Temer no poder. “Até o fim do mandato, caso Temer permaneça até o encerramento de 2018, seriam aproximadamente R$ 100 bilhões a mais”, disse.
De acordo com Schneider, a melhora das expectativas foi consequência direta da mudança de governo. “Naturalmente, com a chegada de Temer na Presidência, o cenário começou a mudar, com a perspectiva de normalização da vida política em Brasília”, comentou. “Isso é visível nos próprios índices de confiança setoriais. Todos eles, em seus componentes de expectativa, já melhoraram.”
REVISÃO DE EXPECTATIVAS – O fato de a queda do PIB no primeiro trimestre deste ano, de 0,3% ante os últimos quatro meses de 2015, ter sido menor do que boa parte dos economistas esperava também contribuiu, conforme Schneider, para a revisão das expectativas. O PIB do primeiro trimestre foi divulgado em 1.º de junho, já sob o governo interino. “Mas o resultado em si não tem nada a ver com Temer”, disse.
Pelos dados do relatório Focus, é possível notar ainda uma mudança das projeções, durante o governo Temer, para rubricas como balança comercial, câmbio, conta corrente e Investimento Direto no País (IDP).
AJUSTE FISCAL – Mas ainda há gravíssimos problemas. O ponto fraco é a questão fiscal. As projeções para o déficit primário em 2016, pelo Focus, pioraram de 1,7% do PIB no primeiro dia do governo Temer para 2,5% no dia 29 de julho. Para 2017, o déficit projetado pelo mercado foi de 1,25% para 2% do PIB. Neste caso, pesou a postura mais “realista” da equipe econômica de Temer, que atualizou para pior a perspectiva de déficit primário neste ano – hoje de R$ 170,5 bilhões, ante R$ 96,7 bilhões no governo Dilma.
Também contribuiu para isso o fato de o governo interino ter assumido gastos previstos anteriormente, como os reajustes do funcionalismo público, e enfrentar a crise dos Estados, carente de recursos da União. Ao mesmo tempo, a recessão econômica ainda forte em 2016 tem prejudicado a arrecadação.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A importante matéria do Estadão deixou de abordar um aspecto fundamental da questão – cada vez que o dólar cai, aumenta o PIB brasileiro. Apesar da recessão, ainda somos a nona economia do mundo. E rapidamente poderemos voltar a ser a ter o oitavo maior PIB. Se a presidente Dilma não voltar, é claro. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A importante matéria do Estadão deixou de abordar um aspecto fundamental da questão – cada vez que o dólar cai, aumenta o PIB brasileiro. Apesar da recessão, ainda somos a nona economia do mundo. E rapidamente poderemos voltar a ser a ter o oitavo maior PIB. Se a presidente Dilma não voltar, é claro. (C.N.)
08 de agosto de 2016
Deu no Estadão
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