"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

ACUSAÇÕES A TEMER, PADILHA E SERRA MOSTRAM A FORÇA DA DELAÇÃO DA ODEBRECHT


Serra, Padilha e Temer, atingidos diretamente pelas delações
Um fim de semana incendiário. Enquanto a pira olímpica mantinha acesa no Rio de Janeiro a esperança de um futuro melhor, Brasília pegava fogo, com labaredas que parecem incontroláveis e ameaçam destruir a reputação de grande parte da elite política nacional. O fogo começou quando a Veja divulgou que Marcelo Odebrecht, em seu depoimento de quinta-feira, contou que teve um encontro em Brasília com o vice Michel Temer e o deputado Eliseu Padilha, em maio de 2014, no Palácio Jaburu, quando ficou acertada uma doação em dinheiro vivo para o PMDB, ou seja, no caixa dois.
No sábado, o presidente e o chefe da Casa Civil imediatamente tentaram apagar o fogo e repeliram com veemência a denúncia, mas a reportagem de Daniel Pereira deixou claro que a doação ilegal poderá ser comprovada, porque ocorreu entre agosto e setembro de 2014 e está registrada na contabilidade do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, também conhecido como “Departamento da Propina”.
LANÇA-CHAMAS – No domingo, o incêndio se alastrou e atingiu as bases do ministro José Serra, com a Folha de S. Paulo divulgando em manchete a revelação de que houve doações ilegais da Odebrecht para a campanha presidencial dele em 2010, no valor de R$ 23 milhões (corrigido pela inflação do período, o valor atualmente equivale a R$ 34,5 milhões).
No caso de Serra, a acusação partiu de executivos da Odebrecht, que na semana passada deram depoimentos aos procuradores federais da Operação Lava Jato. A denúncia é gravíssima. As testemunhas revelaram que existem provas materiais contra o atual ministro do Exterior, porque uma parte da doação ocorreu em dinheiro vivo, mas foram arquivados recibos de depósitos bancários no Brasil e no exterior, em contas indicadas por Serra.
O clima em Brasília está sufocante, porque as revelações da Odebrecht envolvem outros ministros, governadores, deputados e senadores. Todos agora dependem de Marcelo Odebrecht, que vai detalhar o envolvimento de cada um dos 316 políticos cujos nomes constam das planilhas apreendidas em fevereiro pela Polícia Federal na casa do então presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Júnior, no Rio, durante a fase Acarajé da Lava Jato.
CONTROLE PESSOAL – Já se sabe que Marcelo Odebrecht dispõe dessas informações, porque supervisionava pessoalmente o “Departamento de Propinas”. Em recente depoimento ao juiz Sergio Moro, o executivo Marcos Paula Sabiá disse que o estratégico setor era dirigido por Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho (preso em março na 26ª fase da Lava Jato), que se reportava diretamente ao diretor-presidente Marcelo Odebrecht.
Na relação, surgem nomes de ministros do governo Dilma, senadores e deputados da antiga base aliada do PT e também da antiga oposição, que hoje é situação. Como esses 316 políticos estão filiados a 24 partidos, fica comprovado que a Odebrecht conseguiu comprar ou conquistar apoio e influência em todas as legendas hoje representadas no Congresso Nacional.
Mas existe a possibilidade de que nem todos os 316 políticos estejam envolvidos. Nos próximos depoimentos, Marcelo Odebrecht vai identificar quem é corrupto e ganhou propina, quem só levou dinheiro em caixa 2 de campanha e quem apenas recebeu patrocínio eleitoral, sem favorecimento aos negócios da empreiteira e suas subsidiárias.
###PS – Detalhe final: na lista dos 316 políticos, não constam os nomes de Lula da Silva e Dilma Rousseff. Mas eles serão devidamente contemplados na delação de Marcelo Odebrecht, que também vai destruí-los – Lula, pelo conjunto da obra, incluindo palestras que jamais proferiu, além do sítio de Atibaia, BNDES e manutenção do Instituto Lula; e Dilma, pelo BNDES e caixa 2 da campanha de 2014. (C.N.)

08 de agosto de 2016
Carlos Newton

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