"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

MESMO "FORA DO BARALHO", DILMA NÃO DEIXA CLARO SE PODE RENUNCIAR



Como sempre, a última entrevista de Dilma no poder foi enigmática


















A presidente Dilma Rousseff recebeu no início da manhã desta quarta-feira um grupo de dez jornalistas para uma entrevista no Palácio do Planalto. Na conversa de mais de duas horas, Dilma admitiu a possibilidade de derrota na votação do impeachment deste domingo na Câmara, ao mesmo tempo em que propôs, sem detalhar, um pacto, caso o processo de impeachment não seja aprovado. Dilma se disse aberta ao diálogo com a oposição a quem convidaria para conversar. Já no final da entrevista, foi direta em relação ao seu futuro político em caso de o impeachment prosperar tanto na Câmara quanto no Senado:
— Se eu perder, sou carta fora do baralho.
Dilma voltou a atacar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o vice-presidente, Michel Temer: — Só não sei quem é o chefe e o vice-chefe. Mas eles são sócios. Um não age sem o outro — afirmou.
A presidente não explicou como seria o pacto caso supere o processo de impeachment, embora tenha dito que estaria aberta ao diálogo, inclusive com a oposição. Dilma afirmou que é a única capaz de estabelecer este pacto, já que ele não pode existir “sem a legitimidade do voto” — uma referência a Temer, que não foi citado.
TENTATIVA DE GOLPE
O resultado da votação da comissão do impeachment foi chamado de “fraude” por Dilma, que, por outro lado, garantiu que vai lutar “até o último minuto contra esta tentativa de golpe”. Apesar disso, ela não confirmou que o governo vai recorrer ao Supremo se for derrotado na votação do impeachment no plenário da Câmara, domingo. Deixou a resposta em aberto, ao dizer que ainda não foi decidido. Dilma alegou que Cunha, a quem se limita a chamar de o “presidente da Câmara”, cometeu irregularidades ao longo do processo. A tese já foi defendida pelo ministro José Eduardo Cardozo, da Advocacia-Geral da União (AGU), na comissão especial que tratou do tema.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como Dilma Rousseff continua demonstrando dificuldade em concatenar raciocínios, a tradução simultânea de suas palavras pode ficar comprometida. Mas vamos tentar, mesmo assim: 1) Disse que vai lutar “até o último minuto“, o que significa já admitir que será afastada; 2) Não sabe se vai “recorrer ao Supremo“, embora tenha mandado a AGU redigir a petição, o que significa que passou a considerar inútil o recurso; 3) Afirmou que, “se eu perder, sou carta fora do baralho“, o que significa já compreendido que não tem chances também no Senado. Bem, este parece ser o sumo da entrevista de Dilma, mas todos sabem que daqui a cinco minutos ela poderá mudar de opinião(C.N.)

15 de abril de 2016
Lauro Jardim
O Globo

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