"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 14 de março de 2016

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Crise acorda gigante, desestabiliza Dilma, desmistifica Lula, exalta Moro e consolida clamor por mudanças




É absolutamente certo afirmar que as manifestações históricas de 13 de março vão mexer, profundamente, com o futuro do presente do Brasil. O mais provável é que o desgoverno do crime organizado tente ou finja ignorar a dimensão qualitativa dos protestos. A cúpula da petelândia age com o cinismo de sempre. Os messiânicos seguidores do PT seguem focados nas metas corruptas e bolivarianas. Não pretendem largar o osso do poder. E ainda alimentam o sonho impossível de reeleger Lula Presidente em 2018.

A tendência está bem desenhada: teremos confronto, com chance de radicalismo violento no Brasil. Dilma Rousseff já avisou que não vai renunciar. O processo de impugnação da chapa reeleitoral de Dilma e Michel Temer não será imediato. Mesma previsão de demora para o complicado ritual de impeachment no Congresso Nacional. As ações judiciais contra Lula, se forem aceleradas, certamente forçarão uma reação da militância e da "meliância" petista, na base da barbárie. Na visão distorcida deles, tudo que pareça oposição ganha o rótulo simplista de "golpe".

Enquanto a "solução" demora a se concretizar, dando algum fôlego para o reacionarismo da petelândia, agrava-se a crise estrutural. Ampliam-se os problemas econômico, político e moral. A maioria da população, em insatisfação crescente, começa a perder a paciência. O perigo é que a natural bronca evolua para intolerância. Se isso ocorrer (e é uma das apostas dos estrategistas da revolução bolivariana), ficam criadas as pré-condições para conflitos que permitam ao PT promover o que seus comissários já classificam de "contragolpe". Resumindo: a lentidão dos processos institucionais em vigor beneficiam os planos petistas.

Luiz Inácio Lula da Silva nem quis comentar o espetáculo de cidadania. O vice Michel Temer, cujo PMDB costeia o alambrado para abandonar o Ptitanic, repetiu o silêncio. Já a Presidenta Dilma Rousseff, que passou o domingo, diante da televisão e plugada no celular, no Palácio da Alvorada, preferiu reagir com demagogia populista às manifestações gigantescas. A nota solta pelo Palácio do Planalto foi digna da Dilma no País das Maravilhas: "A liberdade de manifestação é própria das democracias e por todos deve ser respeitada. O caráter pacífico das manifestações ocorridas neste domingo demonstra a maturidade de um país que sabe conviver com opiniões divergentes e sabe garantir o respeito às suas leis e às instituições”.

Quem fez questão de soltar uma nota para exaltar as manifestações foi o juiz Sérgio Fernando Moro. O tocador da Lava Jato, que também passou o dia ligado na tevê e na internet, comentou, por escrito, para a imprensa: "Neste dia 13, o Povo brasileiro foi às ruas. Entre os diversos motivos, para protestar contra a corrupção que se entranhou em parte de nossas instituições e do mercado. Fiquei tocado pelo apoio às investigações da assim denominada Operação Lavajato. Apesar das referências ao meu nome, tributo a bondade do Povo brasileiro ao êxito até o momento de um trabalho institucional robusto que envolve a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e todas as instâncias do Poder Judiciário.

Fundamental mesmo foi o segundo parágrafo do recado de Sérgio Moro - que dificilmente será entendido ou acatado pelo desgoverno do crime organizado: "Importante que as autoridades eleitas e os partidos ouçam a voz das ruas e igualmente se comprometam com o combate à corrupção, reforçando nossas instituições e cortando, sem exceção, na própria carne, pois atualmente trata-se de iniciativa quase que exclusiva das instâncias de controle. Não há futuro com a corrupção sistêmica que destrói nossa democracia, nosso bem estar econômico e nossa dignidade como País".

As facções criminosas já atuam no sentido contrário à justa, perfeita e prudente recomendação de Moro e do "Morobloco" (apelido do movimento natural de sabedoria popular que exige o fim de impunidade e o combate à corrupção no Brasil). A aparente dissidência da organização criminosa, fingindo estar rompida com a petelândia, porém ainda sócia nas negociatas, arma uma estratégia golpista para continuar no poder, se Dilma for impedida politicamente ou saída judicialmente. O título distintivo do golpe se chama "Parlamentarismo".

Nada menos que 27 senadores já assinaram a Proposta de Emenda Constitucional do Parlamentarismo. Na letra fria da proposta, até parece bom. A PEC estabelece um sistema misto. O governo seria administrado por um primeiro-ministro indicado pela maioria da Câmara dos Deputados. O presidente da República, eleito pelo voto popular, teria funções limitadas às de chefe de Estado. Caberia ao primeiro-ministro comandar o governo, com poderes que hoje estão nas mãos da presidência da República. O Congresso Nacional votaria moções de confiança ou de desconfiança do primeiro-ministro. Os parlamentares poderiam, com isso, mantê-lo, ou retirá-lo do seu cargo.

Na teoria, seria lindo o parlamentarismo proposto pelo senador tucano Aloysio Nunes Ferreira. Na prática, vai ser um verdadeiro desastre. O motivo é simples: o sistema do crime organizado continuará elegendo os parlamentares do mesmo jeito. O Congresso será o mesmo, sem voto distrital, combinado com distrital misto, e eleições limpas (até com votação eletrônica, porém com impressão do voto para conferência direta pelos fiscais cidadãos. Ou seja, antes de botar parlamentarismo em vigor, é preciso debater exaustivamente com o cidadão-eleitor-contribuinte que reforma política precisa ser feita, urgentemente.

Em resumo: o Brasil só tem jeito se ocorrer aqui uma inédita Intervenção Cívica Constitucional. As regras fundamentais do jogo democrático têm de ser redefinidas no País. Temos de aprimorar e reconstruir as instituições, hoje destroçadas pelo crime e pela canalhice da classe política associada a facções criminosas. Este foi o grande recado transmitido ontem pelas pessoas comuns e famílias que foram, aos milhões, às ruas das principais cidades brasileiras. #Mudanças! Eis a palavra de ordem.

A maioria esmagadora da população brasileira rejeita golpismos - seja de qual lado ideológico queira promovê-los. As mudanças terão de acontecer com exaustivos debates, focadas na Democracia, a segurança do Direito público e privado. O juiz Moro tem inteira razão. É urgente ouvir a voz das ruas. Quem se fizer de surdo é canalha. #Mudançasjá!

Famílias nas ruas






Paulista Tomada



Encontro marcado

Piercamillo Davigo, atual juiz da Suprema Corte da Itália e Gherardo Colombo, hoje presidente da editora Garzanti e um dos dois principais juízes que atuaram na Operação Mãos Limpas contra a máfia da Itália, farão uma palestra para empresários, em São Paulo, no dia 29.

Quem já confirmou presença e vai encontrá-los para uma conversa reservada é o juiz Sérgio Moro.

O complicado é saber se os mafiosos italianos conseguem ser piores que os brasileiros...

Humor popular


Releia o artigo de domingo: 
A rua gritou: Derrota na Guerra, petelândia!

Grande Susto



O homenageado



O observador e a patroa



Quem não muda, dança





14 de março de 2016
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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