O presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa, professor Ivan Cavalcanti Proença, está liderando uma ala dissidente na tradicional entidade e convocou os associados para participar de um encontro esta terça-feira, às 15 horas, na sede da ABI. Proença é candidato a presidir a instituição e vai lançar o movimento “Queremos nossa ABI de volta” contra a atual gestão, que tem na presidência e vice-presidência dois conhecidos e respeitados jornalistas – Domingos Meirelles e Paulo Jerônimo.
O manifesto enviado aos associados da ABI classifica a atual direção de “conservadora” e a acusa de estar subjugada aos interesses da Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão), “entidade do monopólio da mídia comercial, contra o clamor da sociedade pelo “Direito de Resposta”, segundo o texto distribuído.
Como se vê, os dissidentes pretendem que a ABI saia em defesa do ex-presidente Lula, do PT e da presidente Dilma Rousseff, diante dos diversos inquéritos policiais e processos judiciais a que respondem por crimes e irregularidades já constatadas nas investigações. Confira abaixo a íntegra do manifesto da ala oposicionista da ABI:
Aos filiados da Associação Brasileira de Imprensa,
NOSSA ABI
Na condição de Presidente do Conselho Deliberativo por duas vezes, na gestão Maurício Azedo e novamente ocupando essa função, comunico que, após ter tentado junto à Diretoria, sem sucesso, fazer a ABI voltar ao seu leito de lutas em defesa da cidadania, convido a todos os associados para o lançamento do Movimento QUEREMOS NOSSA ABI DE VOLTA.
A ABI está envolvida por um pensamento conservador. E, antes que seja tarde demais, precisamos reagir e fazer a ABI voltar aos trilhos das lutas nacionais e da cidadania, como preconizam os artigos 1 e 2 do Estatuto.
O quadro político atual é preocupante. Enquanto, o país literalmente pega fogo, alguns analistas falam até na possibilidade de graves conflitos internos, a nossa centenária e sempre atuante ABI foge de seu papel histórico e se dilui em movimentos autofágicos. Manter essa postura é inaceitável e a história cobrará isso da entidade mais longeva do movimento social brasileiro. Precisamos reagir. Convoco você.
Presenciamos nos últimos tempos nosso crescente distanciamento das lutas em defesa do patrimônio e soberania nacionais (art.2 do Estatuto). Foi na sede de nossa gloriosa ABI que nasceu o movimento “O Petróleo é Nosso” e, hoje, diante dos ataques ao nosso gigantesco patrimônio do Pré-sal, um continuado silêncio da atual direção, mesmo após decisão, favorável a nossa manifestação, em recente (29/2) reunião do Conselho Deliberativo.
No campo dos direitos humanos e das liberdades de informação e expressão (art.1 do Estatuto), retrocessos conservadores cerraram fileiras com a ABERT, entidade do monopólio da mídia comercial, contra o clamor da sociedade pelo “Direito de Resposta”.
Precisamos dar um Basta! Para debater esses e outros assuntos, inclusive, e principalmente, as eleições que se aproximam, convidamos você, associado, para um encontro na próxima terça–feira, 15/3/16, 15H, no sétimo andar da nossa sede, na sala Belisário de Souza.
A reunião é aberta apenas para os associados da ABI.
Dia 15 de março – terça-feira -15 horas
Sala Belisário de Souza –7º andar – sede ABI
Sala Belisário de Souza –7º andar – sede ABI
QUEREMOS NOSSA ABI DE VOLTA!
Atenciosamente,
Ivan Proença,
Presidente do Conselho Deliberativo da ABI
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É com muita tristeza e decepção que me vejo na obrigação de divulgar este Manifesto, lançado por uma pessoa a quem estimo e admiro. O conselheiro Ivan Cavalcanti Proença é um intelectual respeitado, professor universitário com várias obras publicadas e que ostenta um histórico de luta contra a ditadura militar. Em abril de 1964, foi preso quando era capitão do Exército, estava no comando do Regimento Presidencial no Rio de Janeiro e protegeu os universitários que se refugiaram dentro da Faculdade Nacional de Direito. Eu era um daqueles estudantes que o capitão Ivan defendeu.
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É com muita tristeza e decepção que me vejo na obrigação de divulgar este Manifesto, lançado por uma pessoa a quem estimo e admiro. O conselheiro Ivan Cavalcanti Proença é um intelectual respeitado, professor universitário com várias obras publicadas e que ostenta um histórico de luta contra a ditadura militar. Em abril de 1964, foi preso quando era capitão do Exército, estava no comando do Regimento Presidencial no Rio de Janeiro e protegeu os universitários que se refugiaram dentro da Faculdade Nacional de Direito. Eu era um daqueles estudantes que o capitão Ivan defendeu.
Mais de 50 anos depois, não posso conter minha decepção diante deste manifesto assinado por ele e enviado a todos os filiados da ABI, menos a mim, que sou membro titular do Conselho Deliberativo. Certamente, fui excluído porque, em recente reunião do Conselho, defendi a tese de que a ABI não deveria se manifestar a favor do governo Dilma Rousseff, de Lula e do PT, porque estamos vivendo em plenitude democrática, as instituições funcionam livremente, as acusações de crimes cometidos no esquema de corrupção são feitas na forma da lei, os acusados estão representados por advogados constituídos, não há cerceamento de defesa. Argumentei que a ABI, em toda a sua história, jamais se posicionou contra os interesses nacionais e a cidadania, por isso não poderia agora defender o governo, o PT e o ex-presidente Lula.
Minha tese saiu vitoriosa na reunião do Conselho, por aclamação, e recebi até uma salva de palmas. Talvez seja por isso que os dissidentes não me convidaram para o lançamento do movimento interno em defesa de criminosos que traíram o povo brasileiro.
E EU FUI FILIADO AO PT…
Detalhe final: assinei minha filiação ao PT em 1982, com abono do deputado José Eudes. Naquela época, não aceitavam qualquer um, era preciso haver indicação. E o partido tinha uma característica única, porque fazia frequentes reuniões de autocrítica, uma prática importante e realmente elogiável. Com o passar do tempo, porém, o PT ficou meio bagunçado, a autocrítica caiu no esquecimento e o partido se tornou o maior agente de corrupção do mundo.
Democraticamente, ainda há quem defenda o PT, Lula e Dilma. Respeito a opinião deles, têm todo direito de se posicionarem assim, mas deixo claro que não contem comigo. Fizeram bem ao me excluir da lista dos associados da ABI.
Se dr. Barbosa Lima Sobrinho estivesse vivo, iria vomitar na sala de reuniões.
14 de março de 2016
Carlos Newton
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