Na verdade, quando o setor público for chamado à razão em um ajuste fiscal que por tardar deverá vir com muito maior força, os salários dos servidores ficarão congelados por muitos anos seguidos; talvez, mais do que os oito anos em que estiveram congelados no governo de FHC.
Não se omite, também, a possibilidade de haver demissões em massa do funcionalismo público. Principalmente, no governo federal, para que o ajuste consiga o seu efeito saneador do orçamento da máquina pública.
DÉFICIT PRIMÁRIO
Na esfera pública federal a União acumula dois anos consecutivos de déficit primário, isto é, em que as despesas orçamentárias foram maiores do que as receitas. Em 2014, déficit de R$ 17,210 bilhões, e em 2015, déficit de R$ 114,985 bilhões. No setor público, então, o que se tem é uma situação insustentável que tende a ser corrigida com medidas extremas num breve espaço de tempo. Entre essas medidas, está justamente o congelamento dos salários dos servidores públicos por um longo período.
Na esfera privada, o quadro é de demissões campeando todos os setores econômicos, com exceção do setor agropecuário, que neste momento se beneficia da desvalorização cambial com reflexo no aumento das exportações. O quadro é de queda na massa real de rendimentos, por consequência das demissões e da compressão salarial dada pelo fenômeno de desligamento de profissionais com maior salário e admissão de profissionais com menor remuneração.
DESEMPREGO
Em 2015 foram fechados mais de um milhão e meio de postos de trabalho formal. Em janeiro de 2016 foram, praticamente, mais cem mil postos de trabalho fechado. Até novembro/2015 a PNAD contínua realizada pelo IBGE já indicava uma taxa de desocupação de 9,1% da população economicamente ativa (PEA). Vamos ultrapassar os 12% de desocupação até a reversão do processo de deterioração econômica. Tem especialista dizendo que é provável que a taxa de desocupação chegue até os 14% da PEA.
Todo este quadro foi causado pelo atual governo, que insistiu no erro de expandir o gasto público para além dos limites da responsabilidade, criando um quadro de profundo desequilíbrio monetário. O resultado é um monstro chamado inflação, que está devorando o rendimento das famílias, o lucro das empresas e impedindo qualquer medida de retomada da expansão econômica. A insistência do governo em não adotar, desde já, um ajuste fiscal profundo agrava o quadro progressivamente.
14 de março de 2016
Wagner Pires
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