Paralelamente à radicalização política no país, uma outra divisão, de caráter quase individual, vem crescendo e atingiu seu auge –até o momento– no “Jornal Nacional” de sábado, horas antes das manifestações. O principal telejornal da Globo questionou longamente um pedido de resposta do ex-presidente, dizendo que “não é verdade” que deixou de procurar Lula para registrar sua reação às acusações dos três promotores paulistas.
Apresentou um e-mail como prova de sua solicitação de comentário. No domingo, o Instituto Lula contra-atacou postando que a reprodução do e-mail pelo “JN” havia apagado o logotipo do canal Globonews, cujo repórter havia solicitado o comentário, numa “farsa” para “enganar o público”.
Amontoaram-se críticas e ironias, das duas partes, no episódio todo. Mas o que chamou a atenção foram os 7min8s do “JN”, inclusive 1min46s para trechos da resposta pedida por Lula –ao que parece mostrados preventivamente, pois os advogados do ex-presidente “preparam medidas judiciais”.
VÁRIAS “TIRADAS”
Houve várias tiradas pela voz de Alexandre Garcia, como: “Se os fatos são ofensivos ao ex-presidente”, não é culpa da Globo. Ou ainda: “A emissora não é parte nas investigações a que está sujeito o ex-presidente”.
Sobre esta última ironia do “JN”, há duas semanas um parlamentar próximo a Lula pediu investigação de um imóvel supostamente vinculado à família que controla a Globo – e já mencionado publicamente pelo ex-presidente.
A denúncia, levantada por blogueiros também próximos a Lula, coincidiu com o aumento nas menções a seus familiares no “JN”, o que talvez ajude a compreender a crescente virulência dos ataques de parte a parte.
Um dos blogueiros da denúncia sobre o imóvel é Fernando Brito, curiosamente o autor do célebre direito de resposta de Leonel Brizola no “JN”, pela voz de Cid Moreira, em 15 de março de 1994.
A audiência da Globo e o poder do governador do Rio estavam então no seu maior patamar. Não se pode dizer o mesmo da Globo e do Lula de hoje, ambos com influência limitada sobre os acontecimentos, mas o rancor só faz crescer.
14 de março de 2016
Nelson De Sá
Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário