"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

É UM ESCÂNDALO O ESTADO DO RIO PAGAR A CONTA DE LUZ DA SUPERVIA



Charge do Clóvis Lima (reprodução da internet)

















Fim de ano é uma época propícia para a aprovação de maracutaias de todo tipo. Políticos vigaristas aproveitam que a população está preocupada com as festas de Natal e Ano Novo e votam coisas de que até Deus duvida. Pois este fim de 2015 não foi exceção. No dia 16 de dezembro, sob a batuta do presidente da Alerj, o deputado Jorge Picciani, foi aprovada uma proposição do governador Luiz Fernando Pezão concedendo um subsídio no valor de R$ 39 milhões para a SuperVia pagar a sua conta de luz à Light. A SuperVia opera os trens no Rio e é controlada pela superpoderosa, e hoje superenrolada em denúncias de corrupção, Odebrecht.
A justificativa apresentada por Pezão para a medida é surrealista: o aumento das tarifas de energia elétrica foi maior do que o previsto, afetando os lucros da empresa. Ora, o aumento das contas de luz onerou a economia de todos os consumidores. Por que o socorro apenas à SuperVia?
A situação no Estado beira a calamidade pública. O próprio Pezão foi obrigado a decretar situação de emergência na área de saúde no Rio. O secretário de Saúde se demitiu, alegando que vai se candidatar no ano que vem, e pelo menos 11 hospitais e 17 UPAs estavam recusando pacientes por falta de condições de funcionamento no momento em que este artigo estava sendo escrito.
OUTRAS BARBARIDADES
A Uerj está a ponto de fechar as portas. Os alunos se cotizam para pagar o transporte de funcionários responsáveis pela limpeza, há meses sem receber. E o governador, sem dinheiro para pagar o décimo terceiro salário dos servidores, acena com uma inacreditável proposta: que eles busquem empréstimos na rede bancária. É um escândalo que, nesse quadro, o estado resolva pagar a conta de luz da SuperVia.
Mas as barbaridades não param aí. Pezão deu benefícios fiscais a grandes empresas, que deixarão de pagar mais de R$ 35 bilhões em ICMS até 2018. Entre elas estão Ambev, Jaguar, Land Rover e Nissan. Seus interesses foram considerados pelo governador mais importantes do que as necessidades da população. E ainda há quem diga que crime organizado é o que comete um adolescente de favela que vende um papelote de cocaína.
Que Pezão é candidato a ser o pior governador do Estado do Rio nas últimas décadas, já se sabe. Ele chega a dar saudades de seu padrinho político, o inesquecível Sérgio Cabral, com suas dancinhas de cancã em Paris, de guardanapo na cabeça.
PRESENTE DE NATAL
Que Pezão e seu secretário de Segurança, Mariano Beltrame, não controlam a PM, sendo coniventes com o fato de ela ter se transformado numa máquina de assassínio de jovens pobres e negros, também se sabe. Mas é preciso que a população saiba também que, enquanto o estado afunda, Pezão está dando à Odebrecht esse presente de Natal.
Aliás, no mesmo dia em que ele foi aprovado, a Alerj rejeitou proposta de que não houvesse reajustes das tarifas cobradas pela SuperVia ao longo de 2016, atendendo a outro pedido de Pezão.
Francamente, só mesmo lembrando a música de Chico Buarque: “Chama o ladrão, chama o ladrão!”
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – O oportuno e revelador artigo foi enviado pelo comentarista Celso Serra, que enviou mensagem levantando uma dúvida: Será que o Pezão virou “Mãozão”? Bem, o fato é que Pezão era secretário de Obras no Rio, quando houve o escândalo das relaçõe$$$ de Cabral com o empreiteiro Cavendish, da Delta, que chegou a ser concunhado do governador. Na época, era Pezão quem assinava os contratos, entrando no clima da Mão Grande. (C.N.)

31 de dezembro de 2015
Cid Benjamin
O Globo

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