"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 17 de outubro de 2015

REVISTA ISTOÉ REVELA


A revelação de ISTOÉ, na última semana, de que a presidente Dilma Rousseff reincidiu nas pedaladas em 2015, conferiu data e hora para o pontapé inicial do impeachment. 
O rito já estava desenhado pela oposição. Mas uma decisão do STF suspendendo liminarmente a liturgia do processo, ao mesmo tempo em que embaralhou o jogo do afastamento de Dilma, deu mais poder à caneta do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. 
E Cunha, descolado em se valer dos pontos fracos de aliados e adversários, não perde uma chance dessas. 

O tabuleiro do xadrez político foi mais uma vez bagunçado. Os movimentos mais bruscos partiram do Planalto. Em tentativas desesperadas de se salvar, o governo da petista já tinha celebrado uma série de acertos espúrios. 
Rolou na lama do varejo político, ao entregar os anéis e os dedos ao baixo clero do PMDB. 
Demitiu auxiliares que tinha na mais alta conta durante a desastrada reforma ministerial e alçou ao primeiríssimo escalão do Planalto políticos mais alinhados com o ex-presidente Lula. 

Quando parecia que não restava mais nada em termos de conchavos para se safar de um processo de impedimento, Dilma passou a costurar um acordo indecente com Cunha, o deputado enrolado com traficâncias na Petrobras que até outro dia era o seu pior adversário. As negociações avançaram depois que o andamento ou não do impeachment passou a depender apenas de uma decisão monocrática do presidente da Câmara. 
Assim, de arquiinimigo, o peemedebista virou o malvado favorito de Dilma, do PT e de Lula. O acordão choca o País e chega a corar de vergonha os próprios petistas – cujos padrões éticos já não servem de exemplo para ninguém há muito tempo. Quem afirma não é um político de oposição, mas o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, do PT. Segundo ele, fazer um acordão com Eduardo Cunha, é “entregar a alma ao diabo”.
O problema chave é que Dilma e Cunha confabulam, treinam jogadas ensaiadas, tentam ganhar tempo, mas nunca estiveram tão fragilizados. O acerto entre ambos é tão precário quanto a decisão do STF de cancelar o rito inicial do impeachment – as liminares concedidas por Teori Zavascki e Rosa Weber ainda podem ser derrubadas durante votação do mérito em plenário. Dilma não tem poderes para garantir a salvação a Cunha. 
Mas o governo dispõe de meios políticos para evitar a cassação dele no Conselho de Ética. E isso é o melhor dos mundos para Cunha. O que ele mais teme é perder o foro privilegiado e acabar em Curitiba, preso pelas mãos do juiz Sérgio Moro. Quem consegue controlar a agenda da Lava Jato?
Cunha, por seu lado, pode até não deferir o pedido de impeachment da oposição. A presidente, neste caso, ganharia um respiro momentâneo. Nada impede, no entanto, que novas revelações empurrem Dilma ao cadafalso. Nem que um outro presidente da Câmara, em substituição a Cunha, coloque em marcha o processo de impedimento da petista.
Com ou sem o apoio do governo, dificilmente Eduardo Cunha conseguirá sobreviver. Na sexta-feira 16, em parecer enviado ao STF, depois de pedir abertura de novo inquérito, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que há indícios suficientes de que o dinheiro encontrado nas contas no exterior atribuídas ao deputado, sua mulher Cláudia Cruz e filha Danielle Cunha “são produto do crime”. 
As contas de Cunha na Suíça receberam depósitos de pelo menos 4,8 milhões de francos suíços e US$ 1,3 milhão, equivalentes a R$ 23,8 milhões. Os documentos apresentados pelo presidente da Câmara para abertura de uma de suas contas levaram o banco Julius Baer a estimar seu patrimônio em mais de 37 vezes do declarado à Justiça Eleitoral.
No final da semana, a PGR também recebeu das autoridades suíças cópias do passaporte, assinaturas e dados pessoais do presidente da Câmara. No material, a Procuradoria identificou uma frota de carros de luxo utilizados por Cunha e família. Entre os veículos, avaliados em R$ 940 mil, há dois Porsches, uma BMW e cinco SUVs.
Foi incluído na denúncia o teor da delação premiada do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. Em um dos depoimentos da delação, Baiano disse que entregou entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão em espécie no escritório do presidente da Câmara. O novo revés torna praticamente insustentável a permanência de Cunha no comando da Câmara. 
E o risco de ele vir a perder o mandato é grande. Na semana passada, um grupo de parlamentares do PSOL e da Rede Sustentabilidade protocolou um pedido de investigação contra o peemedebista por quebra de decoro no Conselho de Ética, assinada por cerca de 50 deputados, 32 deles da bancada do PT. Artífice, ao lado de Lula, do acordão com Cunha, a presidente Dilma também permanece com uma espada pendendo sobre sua cabeça. Na quinta-feira 15, os juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr, integrantes da oposição e dos movimentos de rua protocolaram num cartório de São Paulo um novo pedido de impeachment com base das pedaladas fiscais de 2015 reveladas com exclusividade por ISTOÉ. 

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17 de outubro de 2015
in aluizio amorim

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