"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 17 de outubro de 2015

DILMA RECEBE SCIOLI: NÃO CHORES POR MIM ARGENTINA

Dilma e Cristina Kirchner, em final de carreira


A repórter Mariana Carneiro, Folha de São Paulo de quarta-feira, publicou matéria sobre a recepção da presidente Dilma Rousseff, na véspera, em Brasília, ao candidato à presidência da Argentina, Daniel Scioli, apoiado por Cristina Kirchner. Scioli lidera as pesquisas, principalmente do Instituto Ipsos para o dia 25, encontrando-se até próximo de vencer no primeiro turno. Na Argentina é assim: para entrar direto na Casa Rosada, primeiro turno, o mais votado tem que ultrapassar a casa dos 40% dos votos e livrar dez pontos sobre o segundo colocado.
Scioli está próximo de atingir a marca, Maurício Macri é o segundo, Sérgio Massa o terceiro. Os dois somados ultrapassam Scioli, mas é preciso que o segundo mantenha os 30% a que chegou e o candidato do governo não consiga completar os 40 degraus. Há diversos outros candidatos, porém com percentuais pequenos. Curioso é que todos os três primeiros se apresentam como peronistas e, de 1947 aos dias de hoje, o símbolo Juan Domingo Perón só perdeu uma disputa presidencial: a de 1982, quando Raul Alfonsin derrotou Ítalo Luder.
Trata-se da única corrente política que, sem razão ou com ela (com 60 anos de jornalismo, carrego comigo mais dúvidas do que certezas), resiste ao decorrer do tempo. Mas esta é outra questão.
FOI BOM OU RUIM?
O fato é que, nesta altura do campeonato, observando-se os resultados da pesquisa do Datafolha, entre os leitores da FSP, reportagem de David Frielanger, também na edição de 14, tenho dúvida se o encontro com Dilma Rousseff, no Planalto, somou apoios argentinos ou retirou votos de Scioli. O candidato da Cristina assumiu uma posição de vitorioso antes da hora. Estou vacinado contra posturas assim, desde a final Brasil e Uruguai, que assisti no Maracanã, em 50. Futebol se vence no campo, não na véspera. Eleição se ganha nas urnas, a última semana é sempre decisiva. Principalmente porque é a fase em que boa parte dos grupos sociais de menor renda decidem escolher seu candidato.
Com base nessa realidade, é possível que Scioli até amplie sua vantagem, da mesma forma que venha ocorrer um encurtamento de sua vantagem. Só as urnas do dia 25 vão revelar os números finais.
IMPOPULARIDADE
Mas falei na impopularidade de Dilma Rousseff, é um fato. Até que ponto tal constatação poderá influir no ânimo do eleitorado argentino, francamente não sei. Pode ser que não sensibilize nada, mas certamente não somará. Até porque o encontro, sem dúvida, representa de alguma forma uma interferência externa nos rumos do pleito.
E tem mais: Scioli (matéria de Gustavo Uribe na mesma edição) assinalou que ele fez votos para que as instituições brasileiras atuem com responsabilidade no que diz respeito ao mandato de Dilma Rousseff. Francamente, não sei como os principais jornais argentinos, Clarin e La Nación, focalizaram o encontro de Brasília. E também ignoro como as emissoras de televisão fizeram repercutir o fato.
CANTANDO UM TANGO
Tratando-se da terra de Gardel, o eterno tango, das canções eternas como a “Não Chores Por Mim, Argentina”, tive o impulso de transportar a música, muito bonita, para o título deste artigo. Aí está o texto relativo ao contexto político do momento. Como Macri e Massa vão explorar o episódio? E não é só isso: se explorarem o tema produzirá quais efeitos? As urnas vão responder.

17 de outubro de 2015
Pedro do Coutto

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