Apesar dos acenos de Eduardo Cunha à possibilidade de diálogo com governo, a definição dos próximos movimentos do presidente da Câmara passa pela falta de confiança mútua entre as duas partes. Em conversas reservadas, o deputado tem dúvidas sobre se o Planalto irá de fato conseguir entregar os votos necessários para salvar seu mandato no Conselho de Ética da Casa. “Tudo o que o governo prometeu até agora a todo mundo, ele não entregou”, avisou a um interlocutor.
Cunha já disse a aliados que considera um dos pedidos de impeachment ainda em análise tão ou mais consistente do que o encampado pela oposição. Guarda a peça como um segundo tiro possível contra o Palácio do Planalto.
SENHA DO ACORDO
A oposição viu a declaração de Rui Falcão, presidente do PT, de que vai esperar o resultado do Conselho de Ética antes de o partido decidir sua posição sobre Cunha, como senha do acordo com o governo.
Lideranças de setores mais à esquerda do PT dizem que, ao fechar um pacto com Eduardo Cunha, a presidente Dilma pode até salvar seu mandato, mas pode também “manchar sua biografia”.
ATRÁS DE ALIADOS
Estabelecida a “ponte” com Eduardo Cunha, o Planalto já está atrás de aliados do peemedebista. Nesta semana, o ministro Ricardo Berzoini (Governo) procurou Arthur Lira (PP-AL), presidente da CCJ, para tentar negociar o andamento da DRU e da CPMF.
Tem mais. Apesar do congelamento temporário do processo de impeachment, o Palácio do Planalto avalia que só conseguirá dar sinais reais de superação da crise quando conseguir convencer sua base de apoio a aprovar as medidas do ajuste fiscal.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Há um equívoco no texto. Para manchar biografia, é preciso ter uma. No caso de Dilma, ela não tem biografia, mas folha corrida. (C.N.)
17 de outubro de 2015
Natuza Nery
Folha
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