"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 17 de outubro de 2015

PERIGOSA IRRESPONSABILIDADE DO GOVERNO DIANTE DA CRISE


Estamos no décimo mês do ano. Até agora o imobilismo no qual se instalou o Brasil gerou inflação, alta do dólar, desemprego, desajuste fiscal, como frutos do desestímulo à economia e à produção. O medo afasta oportunidades, congela investimentos e faz aflorar a especulação, a agiotagem dos bancos, a sanha arrecadatória do Estado.
Desde que se instalou na Justiça Federal a operação Lava Jato, também se paralisaram as grandes obras, tradicionalmente tocadas pelo feudo das empreiteiras cujos dirigentes amargam há meses na cadeia à espera da conclusão de seus processos, até que sejam expedidas suas sentenças. Na verdade, todos já se acham sentenciados e condenados, pelo menos pela opinião pública e pela mídia, seja em Manga, no Catolé do Rocha e no resto do Brasil. Até no exterior, a avaliação feita do nosso país pelas mídias locais nos instala na liderança do ranking de subdesenvolvimento e de corrupção.
MENOS TOLERÂNCIA
O povo está mais rigoroso nos seus julgamentos, há menos tolerância com os políticos, independentemente de que partido forem ou que história tenham. As dificuldades, a escassez de verbas para manutenção de cargos, privilégios e favores, o arrocho geral dos orçamentos públicos, realidades aliadas aos poderes fiscalizador das mídias e institucional da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal, são fatores que também contribuem para tornar os políticos menos generosos e mais cuidadosos no rateio de facilidades. Esse é o lado bom da história política de nossos tempos. Estamos mais atentos e vigilantes.
Mas, como se acha, estamos em outubro e às portas de mais um ano perdido. É preciso que o país volte a trabalhar, a produzir, a ter segurança e esperança. O país não suporta mais perder tempo com a discussão do impeachment, da permanência ou não de Eduardo Cunha à frente da presidência da Câmara e de Renan Calheiros na presidência do Senado, se vão ambos, junto com seus apoiadores, para a cadeia de qual cidade ou bairro. Se o dinheiro que tem nos bancos da Suíça, a mulher de Cunha ganhou fazendo unha, vendendo Avon ou costurando para fora. Se Dilma pedalou ou rosetou. Se Lula ganhou propina da indústria automobilística para editar MPs, se seu filho, o Lulinha é ladrão, ou foi favorecido com dinheiro da corrupção ou nada disso: é um santo.
A VIDA PAROU
Certo é que a vida parou, as pessoas estão com fome, desempregadas, desassistidas, há greves na educação, na segurança pública, na saúde, no Judiciário, no INSS, nos bancos. Daqui a uns dias, nas igrejas, nas boates, nos estádios de futebol, no jogo do bicho, nos shoppings populares.
Tudo parou, menos a pontualidade e eficiência de nossos credores. E ainda assim, não se ouvem propostas de mudanças. Estamos mergulhados na maior crise de imaginação e criatividade de nossos tempos. E na maior irresponsabilidade daqueles que têm nas mãos os instrumentos da mudança.

17 de outubro de 2015
Luiz Tito
O Tempo

Nenhum comentário:

Postar um comentário