"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 17 de outubro de 2015

CUNHA USOU O MESMO OPERADOR QUE CERVERÓ PARA ABRIR CONTA



Cunha e Cerveró, tudo a ver
A principal conta atribuída pela Suíça ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi aberta com ajuda do mesmo operador usado pelo ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para movimentar seu dinheiro no exterior. De acordo com informações enviadas pela Suíça à Procuradoria-Geral da República, a conta foi aberta em setembro de 2008 por uma empresa de fachada batizada como Netherton Investments, com sede em Cingapura.
Documentos obtidos pela Folha em Cingapura revelam que essa empresa foi criada pouco antes, em julho de 2008, por outra registrada na Nova Zelândia, a PVCI New Zealand Trust.
Quem assina como diretor da PVCI é um homem chamado Luis Maria Pineyrua Pittaluga, que trabalha para um escritório de advocacia do Uruguai e na mesma época ajudou Cerveró a abrir uma conta na Suíça.
De acordo com documentos enviados pela Suíça ao Brasil, a conta de Cerveró foi aberta por Pittaluga em nome da Forbal Investments, uma empresa sediada em Belize, paraíso fiscal no Caribe, em julho de 2008.
SALDO: US$ 2,4 MILHÕES                          
A conta atribuída a Eduardo Cunha tinha saldo equivalente a US$ 2,4 milhões (R$ 9,1 milhões) em abril deste ano, quando ele virou alvo de suspeitas na Suíça e os recursos foram bloqueados pelas autoridades.
Segundo as informações enviadas ao Brasil, o presidente da Câmara e sua mulher, Cláudia Cruz, mantiveram outras três contas na Suíça. Duas foram fechadas no ano passado, pouco depois das primeiras prisões da Operação Lava Jato.
A Procuradoria-Geral da República acusa Cunha e Cerveró de envolvimento com o esquema de corrupção descoberto na Petrobras. Segundo os procuradores, eles receberam propina dos fornecedores de navios-sonda alugados à Petrobras entre 2006 e 2007.
CERVERÓ JÁ CONDENADO
Cunha foi denunciado pelos procuradores ao Supremo Tribunal Federal, que ainda não decidiu se aceita a denúncia e dá início ao processo em que ele será julgado. Cerveró, preso em Curitiba desde janeiro, foi condenado pelo juiz Sergio Moro a 12 anos e três meses de prisão por causa do episódio.
O envolvimento de um mesmo operador na abertura das contas associadas a Cunha e Cerveró pode reforçar as suspeitas de que o deputado abriu as contas para movimentar recursos desviados dos cofres da Petrobras.
Os lobistas Júlio Camargo e Fernando Baiano, que participaram das negociações do contrato das sondas e hoje colaboram com as investigações da Operação Lava Jato, dizem que Eduardo Cunha recebeu US$ 5 milhões em propina dos fornecedores dos navios.
Os navios foram fabricados pela Samsung Heavy Industries, da Coreia do Sul. O contrato, que foi negociado na época em que Cerveró era o diretor da área internacional da Petrobras, custou US$ 1,2 bilhão à empresa estatal.
NO INQUÉRITO
Os documentos da Suíça que mencionam o operador de Cerveró foram anexados pela Procuradoria-Geral da República ao inquérito que deu origem à denúncia apresentada contra Eduardo Cunha ao Supremo, em agosto.
As informações sobre as contas atribuídas a Cunha chegaram ao Brasil na semana passada. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, abriu ontem outro inquérito para investigar as contas do presidente da Câmara.
Nos papeis da PVCI New Zealand, Pittaluga aparece como representante do escritório Posadas & Vecino Consultores, que tem sede no Uruguai e também atua na Suíça.
O mesmo escritório também trabalhou para uma empresa chamada Hayley, que foi usada para movimentar recursos no exterior para o lobista Fernando Baiano e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, que também está preso em Curitiba.

17 de outubro de 2015
Leandro Colon
Folha

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