"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 2 de agosto de 2015

FORÇA-TAREFA COMEÇA A CHEGAR NA INTIMIDADE DE DILMA ROUSSEFF



Demitida por corrupção, Erenice continua mandando no governo
Sensacional a reportagem-denúncia de Claudio Dantas Sequeira, o grande repórter da revista IstoÉ, cujos principais trechos transcrevemos aqui na Tribuna da Internet este sábado. Já havíamos afirmado diversas vezes que as investigações logo chegariam mais diretamente à presidente Dilma Rousseff, assim que a força-tarefa entrasse na segunda fase da Operação Lava Jato e passasse a devassar o setor de geração de energia.
Há algumas semanas, no concorrido almoço de sábado no restaurante Paz & Amor, em Ipanema, que reúne intelectuais e boêmios, não se falava em outra coisa no grupo comandado pelo advogado Celso Serra, em frente à mesa do casal Ruy Castro e Heloisa Seixas. As informações eram de que a força-tarefa logo pegaria Valter Cardeal, o homem de Dilma Rousseff que concentra o poder na Eletrobras.
Chegamos a tocar no assunto algumas vezes, o próprio Celso Serra escreveu a respeito aqui no blog, e agora as informações se confirmam, segundo a matéria de Claudio Sequeira, mostrando que logo nas primeiras investigações já foi possível começar a desbaratar as quadrilhas (são várias, mas todas com um pé dentro do Planalto). Na área nuclear, por exemplo, o esquema foi formado em 2007, quando a então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, formou um comitê (coordenado por ela) para conclusão das obras da usina nuclear de Angra 3, paralisadas nos anos 80. No comando da empreitada, o presidente da Eletronuclear, almirante Othon Pinheiro da Silva, que agora foi o primeiro a ser preso.
DENTRO DO PLANALTO
“Ao mergulhar no setor elétrico, a PF vai bater na porta do Palácio do Planalto. Não há um só projeto no setor elétrico que Dilma não tenha acompanhado de perto. Se como presidente do Conselho da Petrobras a presidente alega que não tinha informações completas sobre o que acontecia na estatal, dificilmente poderá dizer que desconhecia os rolos em Angra 3 ou na usina de Belo Monte, os dois maiores investimentos do governo em geração de energia. Em ambos os casos, os investigadores já têm indícios de envolvimento de gente de confiança da governante petista”, assinalou o jornalista da IstoÉ.
Como se sabe, a Odebrecht domina os investimentos da Marinha, enquanto o consórcio construtor de Belo Monte é liderado pela Andrade Gutierrez em parceria com Odebrecht, Camargo Correa, Queiroz Galvão e OAS, as mesmas do clube do bilhão, além de outras cinco menores.
E os participantes da fez vão aparecendo. A força-tarefa já chegou ao envolvimento da “consultora” Erenice Guerra, a melhor amiga de Dilma. A ex-ministra atuava com o advogado Joaquim Guilherme Pessoa e o empresário Marco Antonio Puig, ligado à empresa LWS, envolvida numa investigação de fraudes em contratos de informática nos Correios. E Puig operava com o diretor da Eletrobras Valter Cardeal, outro apadrinhado de Dilma.
FUNDOS DE PENSÃO E CARF
A PF sabe que integrantes do esquema atuavam também em fundos de pensão e acertos para a anulação de multas fiscais no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), que já é alvo de outra operação. Erenice, dizem os investigadores, também agia na comercialização de energia. Ela chegou a se associar informalmente ao ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau e ao lobista Alexandre Paes dos Santos, no Instituto de Desenvolvimento de Estudos e Projetos Econômicos.
Segundo um procurador da Lava Jato, o caso da usina de Belo Monte, orçada em R$ 30 bilhões,se relaciona diretamente com o de Angra 3, de acordo com a planilha do doleiro Alberto Youssef  e com a delação premiada do ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, que citou como um dos beneficiários do esquema o diretor da Eletronorte Adhemar Palocci, irmão do ex-ministro Antonio Palocci e que já pediu licença do cargo.
Outro foco de irregularidades na área sob controle de Othon é o projeto do submarino nuclear, o Prosub. A Odebrecht foi escolhida pela Marinha para construir o estaleiro, mas não houve licitação. Esse negócio foi conduzido por outro militar, o coronel Oswaldo Oliva Neto, irmão do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. A investigação do MPF reúne indícios de que Oliva Neto possa ter atuado como operador de Mercadante, que ao assumir a pasta de Ciência e Tecnologia pressionou para a realização de uma nova licitação para Angra 3.
Bem, isso é apenas o começo da investigação sobre o setor elétrico, que tem ramificações dentro do Palácio do Planalto e abrange até a intimidade de Dilma Rousseff, porque em Brasília todos sabem da inabalável amizade que une a presidente e a ex-ministra Erenice Guerra, que hoje comanda a mais bem-sucedida consultoria do Distrito Federal (e onde se lê “consultoria”, por favor entenda-se como “tráfico de influência”).

02 de agosto de 2015
Carlos Newton

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