A saída da Grécia do Euro resultará em uma crise econômica sem precedentes na península. A volta ao Dracma vai gerar uma situação tão desesperadora que o próprio FMI ou qualquer outro organismo internacional vai ter que voltar a financiar o país, entrando em acordo ou não com o fundo. Por outro lado, para o Euro, restará uma enorme crise de confiança no sistema, fato que minará sua consolidação como moeda internacional.
É um jogo de "perde perde", socorrer a Grécia, por mais errada que ela esteja, é a saída mais barata para todos os envolvidos, inclusive porque, se não socorrer agora, vai ter que voltar a socorrer em breve, não só por questões humanitárias, mas para evitar um maciço êxodo de gregos para os demais países e UE.
Para facilitar a compreensão, é como se um estado pequeno, Sergipe por exemplo, fosse enormemente deficitário e, sem financiamento da União, abandonasse o Real e criasse sua própria moeda, o "sucupira". Sendo um estado fortemente dependente da importação de bens e serviços, como a população de lá teria acesso aos itens necessários para sua sobrevivência? Quem aceitaria o "sucupira" de um estado falido? Você?
O plano de transformar os euros de circulação interna em reserva não deve funcionar, ademais se exauririam logo.
Ao contrário da crença comum, o erro não foi deixar economias tão diferentes se integrarem, o erro foi não estabelecer rígidos padrões fiscais para todos os países do sistema. Faltou a união fiscal, ou, no mínimo, a "lei de responsabilidade fiscal" europeia.
04 de julho de 2015
Aurélio Valporto é Economista e conselheiro da ANA – Associação Nacional de Proteção aos Acionistas Minoritários.
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