"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

TEMPESTADE PERFEITA NA FIFA?

A prisão de dirigentes de peso da Fifa mostra a complexidade do atual sistema capitalista. Se ao mesmo tempo chegamos a isso tudo por causa da forma altamente mercantilizada com que os cartolas tratam o futebol, esse mesmo sistema não está mais tolerando os modelos “tradicionais” de gestão dos clubes e entidades esportivas: sem transparência, patrimonalista e exuberantemente permeável a múltiplas formas de corrupção.

Apesar de ser o início de uma investigação e ainda sem certeza de culpas e de eventuais punições, a notícia é um fato que dá esperança. Sim, é algo que pode ser visto como positivo, pois mexe com a estrutura atual do futebol mundial e mostra que o modelo precisa de mudanças urgentes.

A diferença do fato atual em relação aos sucessivos escândalos que já vinham sendo feitos ao sistema Fifa e parceiros é que, desta vez, as denúncias levaram a um processo nos EUA com a aplicação das atuais e bem rigorosas leis anticorrupção de lá. Isso realmente é um fato novo e pode gerar desdobramentos surpreendentes nos próximos dias.

É importante lembrar que a pressão sobre a Fifa vem crescendo há bastante tempo. 
A entidade saiu do Brasil com a imagem extremamente arranhada, pois a gestão da Copa de 2014 só foi benéfica para ela. O Brasil ficou com a conta para pagar. Os protestos não perdoaram a entidade.

Em nível internacional, a péssima imagem acentuou-se com a definição de Rússia e Catar para as Copas de 2018 e 2022. Há inúmeras suspeitas de irregularidades nessas escolhas. Pode ser que isso entre novamente no foco das discussões.

Ainda sobre o Catar, a Fifa vem sofrendo grande pressão dos seus parceiros e patrocinadores por causa das denúncias envolvendo trabalho escravo e mortes no processo de preparação das arenas. Visa, Coca-Cola e Adidas estão seriamente preocupadas e já vinham pressionando a entidade. As marcas sabem que, no mundo de hoje, há corresponsabilidade e que os escândalos “colam” nas marcas parceiras também.

O cenário de “tempestade perfeita” é completado com o fato de que, em alguns dias, 
haverá eleições na Fifa. Ainda que os dirigentes neguem, tudo o que está acontecendo leva o modelo da entidade máxima do futebol ao chão. Será preciso observar como e se a entidade conseguirá sair desse escândalo. Mas isso dificilmente acontecerá sem perdas, pelo menos do ponto de vista da imagem pública da entidade.

29 de maio de 2015
Anderson Gurgel

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