Condenada a 18 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato, a doleira Nelma Kodama, em depoimento à CPI da Petrobras nesta terça-feira (12), cantou, elogiou o juiz Sergio Moro, pediu o fim da corrupção e disse estar disposta a fazer um acordo de delação premiada.
“Eu estou pleiteando junto às autoridades um termo de colaboração”, declarou.
Presa desde março do ano passado, Kodama, que se autointitulava “a última grande dama do mercado” e foi denunciada por movimentar R$ 11 milhões no mercado negro de câmbio, prometeu apontar os responsáveis pelo “sistema de corrupção” de que ela participou.
“O verdadeiro responsável é o sistema. Eu vou mostrar na minha delação. Eu tenho documentos que mostram que os bancos também são responsáveis. É um sistema falho, corrupto”, afirmou.
Kodama disse que irá nomear bancos e corretoras que alimentam o sistema de câmbio negro do qual participava, além de revelar antigos clientes seus. Ela já tentou fechar um acordo de colaboração depois que foi presa, sem sucesso.
“Que essas brechas sejam localizadas. Que os verdadeiros culpados sejam culpados, que os inocentes sejam inocentados, e que realmente tudo isso possa mudar”, afirmou.
‘TEATRO’
De cabelos curtos e bem mais magra do que quando foi presa, Kodama disse que não achava que estava fazendo algo errado ao operar no mercado negro de câmbio, pois ajudava os clientes a fugirem de impostos – mas que hoje se sente “envergonhada”.
“Eu admiro a atuação do juiz federal Sergio Moro, mesmo tendo sido sentenciada a uma pena pesada. Eu admiro. Eu acho que estão tentando virar [o jogo]”, disse. “Se for necessário que haja recessão, que haja desemprego, que haja tudo isso, para acabar com essa corrupção, poxa vida! Vamos lá. Enquanto não cortarem o mal pela raiz, vai continuar.”
Ao falar de sua relação com o doleiro Alberto Youssef, disse que viveu maritalmente com ele entre 2000 e 2009, e, erguendo os braços para o público, cantou uma música de Roberto Carlos, “Amada Amante”.
“Tem até aquela música do Roberto Carlos… Amada amante, Amada Amante?”, disse, erguendo os braços. Alguns deputados a acompanharam. O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), a repreendeu: “Nós não estamos num teatro”.
NADA NA CALCINHA
Kodama também negou que estivesse levando 200 mil euros na calcinha quando foi presa, em março do ano passado. “Estavam no bolso, exatamente aqui”, disse, para então se levantar, virar-se de costas para os deputados e apontar os bolsos de trás da calça.
“Era um pacotinho assim e outro assim. Estavam no bolso de trás da minha calça”, afirmou. Os autos de prisão de Kodama descrevem que encontraram as cédulas “ocultas nas roupas íntimas”
13 de maio de 2015
Estelita Hass Carazzai e Lucas Laranjeira
Folha
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