A soma do rombo deixado nos cofres da Petrobras alcança o montante de R$ 18,3 bilhões. Um valor superior à atual cotação de mercado da Companhia Energética de Minas Gerais (R$ 16,044 bilhões) ou da siderúrgica líder no segmento de aços longos, a Gerdau (R$ 16,68 bilhões). Equivale ainda a 145 milhões de barris de petróleo.
Bem: nos estaleiros, e tão somente neles, já são 20 mil os demitidos em decorrência do efeito Petrolão.
Os partidos da base governista brandem tais números, imprecando contra o juiz Sérgio Moro. Um amigo que milita no PT, desde 1980, usou, para explicar o que se passa, uma frase de Hannah Arendt, que consta do livro “Crises da República”. É um termo latino: “Fiat justitia et pereat mundus”: faça-se justiça e que pereça o mundo. A frase não é de Arendt: mas do imperador romano Ferdinando Primeiro.
Ou seja: o bravo juiz Moro, na ótica petista, prefere ver o mundo acabar, perecer (em desemprego, segundo os petistas), do que manter os trambiques das empreiteiras.
O que o juiz deveria fazer? Segurar a peruca da gentalha? Claro que não.
Se as investigações levadas a fundo vão mesmo quebrar o Brasil (como estabelece o PT), qual seria a alternativa?
Pelo que a sociedade e os políticos deveriam então lutar?
Vou responder em seguida.
O Governo de Barack Obama e o Bank of America fizeram acordo para que o Departamento de Justiça arquivasse a acusação de que o banco enganou investidores ao vender produtos financeiros atrelados a hipotecas de alto risco, às vésperas da crise financeira de 2008.
A instituição começou a pagar entre 16 bilhões e 17 bilhões de dólares (36,5 a 38,9 bilhões de reais) para resolver o litígio.O recorde anterior, também por irregularidades com as hipotecas subprime, pertence ao JPMorgan Chase, que no final de 2013 acertou com o Departamento de Justiça uma multa de 13 bilhões de dólares.
O Departamento de Justiça dos EUA e o banco JP Morgan Chase fecharam também um acordo pelo qual a instituição financeira passoua a pagar 13 bilhões de dólares de multa por suas práticas negligentes quanto à venda de títulos derivativos de empréstimos hipotecários de alto risco conhecidos como “subprime”. Tais papéis “podres” (lastreados em hipotecas que jamais seriam pagas por causa do grande risco de insolvência dos devedores,) foram a base da bolha imobiliária que desencadeou a crise financeira de 2008 nos EUA.
O discurso do governo brasileiro é o de segurar as empreiteiras para não parar o pais e salvar os empregos.
Para isto, as multas estipuladas pela justiça não podem quebrar as empresas.
Uma alternativa é multar de acordo com a lei.
Converter a multa em ações: e as leiloar no mercado. Os caras, em síntese, têm de ofertar no mercado ações cujo montante regula com o rombo que deram ao país.
Seria, digamos, um socialismo capitalista de resultados. Seria, digamos, um niilismo de resultados regulado pela lei e pelo mercado.
Assim seriam salvas as empreiteiras e os empregos: mas não os empreiteiros ladrões.
Ou seja: as multas não necessitam quebrar as empresas. Saem de cena os acionistas responsáveis –e ficam, postas no mercado, as ações equivalentes aos números da corrupção… ao serem vendidas, ajudam a cobrir parte do ajuste fiscal necessário.
Sabe por que nossos políticos não querem adotar essa solução, em síntese igual à adotada pelos EUA, para salvar o país da bolha de 2008?
Porque aqui logo, logo, logo, querem os mesmos caras nas empreiteiras: para poderem continuar mamar nas tetas delas: e elas mamando nas tetas da grana pública.
27 de março de 2015
Claudio Tognolli
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