Deputados da oposição riram após o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli afirmar que, na opinião dele, a aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi um bom negócio. “Com certeza absoluta, não tem dúvida em relação a isso”, afirmou Gabrielli.
Ele disse que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi “barata” ao ser considerada a capacidade de refino de 100 mil barris ao dia. Segundo o ex-dirigente, o preço ficou em 5.540 dólares por barril refinado ao dia, pouco mais da metade do custo médio de refinarias norte-americanas.
O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu, em julho do ano passado, que houve um prejuízo de 792 milhões de dólares na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Ele condenou Gabrielli e os demais diretores da estatal à época, a devolver o valor do prejuízo. Em artigo no fim de janeiro, Gabrielli afirmou que o voto do ex-ministro José Jorge, do TCU, foi “político” com “leitura enviesada” dos dados sobre a aquisição e “malabarismos” para justificar as perdas apontadas no relatório.
O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, encerrada em dezembro de 2014, também afirmou que houve prejuízo potencial na compra de Pasadena. O valor apontado pela comissão, porém, foi menor (US$ 561,5 milhões), baseado em relatório de auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU).
Em 2004, a empresa belga Astra Oil, parceira da Petrobras na refinaria a partir de 2006, pagou 42,5 milhões de dólares pela refinaria sucateada. Em 2006, a Petrobras desembolsou 360 milhões de dólares por 50% da refinaria. Depois de uma disputa judicial, a estatal brasileira então comprou a outra metade da refinaria, pagando um total de 1,2 bilhão de dólares, incluindo gastos extras com juros e custas judiciais.
GABRIELLI SE ELOGIA
O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli adotou uma postura de defesa da Petrobras em depoimento na comissão parlamentar de inquérito (CPI) que apura denúncias sobre esquema de corrupção na empresa.
Gabrielli passou grande parte do depoimento na Câmara dos Deputados exaltando o crescimento da empresa nos últimos anos, sobretudo com a descoberta do pré-sal. Para ele, é preciso separar a Petrobras daqueles que desviaram recursos dela. “Não podemos confundir o comportamento criminoso de alguns com o comportamento de uma empresa que está muito bem e funcionando.”
Assim como o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco, Gabrielli disse aos membros da CPI que a comissão de licitação da companhia não tinha conhecimento de esquemas de pagamento de propina em contratações.
COMISSÃO DE LICITAÇÃO
Gabrielli disse ainda que, de acordo com depoimentos dos réus confessos, as negociações eram feitas com as empresas que disputavam as obras, e por isso não havia envolvimento com a comissão de licitação.
Gabrielli disse ainda que o setor de auditoria da empresa foi ampliado “três vezes mais” na última década, com o objetivo de neutralizar qualquer ilícito. Ele explicou que apenas algumas empresas no Brasil têm potencial para construir partes de uma refinaria e que, no rol dessas empresas, há algumas envolvidas no escândalo da Petrobras.
“Para construir uma refinaria inteira, não há nenhuma empresa com essa capacidade. Para construir algumas partes de uma refinaria, existem algumas no Brasil. E algumas dessas estão envolvidas nesse caso.”
13 de março de 2015
Deu na Agência Câmara
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