"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 19 de março de 2014

ENFIM, O FIM DO MENSALÃO



Depois de seis anos e sete meses de julgamento, acabou ontem o mensalão. Apenas “oficialmente”, pois o maior escândalo de corrupção já identificado em toda a República será eternizado na história brasileira, termo recorrente que será útil a qualquer movimentação política suspeita em qualquer instância de poder.

Agora, após tudo concluído e estando absorvidas as surpresas que o processo apresentou, é hora de se promover a contabilidade. Colocar no fio da balança o que de bom e ruim ficou da Ação Penal 470.

O mensalão, a contragosto dos petistas, existiu? Sim. Foi o que concluiu o STF: “esquema definido como financiamento ilegal organizado pelo PT cujo objetivo era o de garantir à base governamental a aprovação de projetos de interesse do governo Lula”.

Houve desvio de dinheiro público? Sim. Dinheiro público do Banco do Brasil através de Marcos Valério para irrigar petistas e aliados.

Houve crime de ordem financeira? Sim. Tudo, segundo o STF, foi feito à luz do dia, em pleno Planalto Central. Os empréstimos foram fraudulentos? Sim. O Banco Rural entrou na história para forjar tudo isso e justificar desvios milionários. Houve compra de apoio político? Claro. Toda a imundície foi feita para comprar apoio de partidos aliados, contrariando a versão de Lula, que era para “pagar dívidas de campanha”.

CHEFE DA QUADRILHA

E José Dirceu, o ex-futuro presidente do Brasil, era o chefe da quadrilha? Sim. O STF o apontou como líder, o mentor de tudo. Era ele quem se reunia com os corrompidos e acertava os repasses.
Há alguma dúvida em todos esses questionamentos? Não. Está tudo claro como água cristalina.
Houve justiça? Sim. Mesmo que não seja a justiça de que gostariam muitos brasileiros, mas, sim, teve certa justiça.
Houve alguma injustiça? Dependendo do ponto de vista, sim. Levando em conta outros casos de corrupção, apenas os “mensaleiros” foram para a cadeia, mesmo que o xadrez deles não seja o mesmo usado para penalizar, com rigores desproporcionais, ladrões de galinha, com menos requintes. Porém, neste caso, a injustiça é justa.

Ocorreram avanços? Inegavelmente. Nunca antes na história deste país tantos políticos foram parar na cadeia. E esse avanço deve, apesar das imperfeições, ser alçado como patrimônio imaterial de nossa sociedade. Tivemos heróis? Sim. Joaquim Barbosa e o procurador geral da República, Roberto Gurgel. Loucos, desvairados e arrependidos? Certamente.

A última pergunta. Existiram vencedores? Vencedores, não, mas vencedor, sim: Lula, o homem que não sabia de nada e que, impressionantemente, saiu ileso de tudo isso. Provavelmente, o maior ilusionista que o mundo conhece. Lamentavelmente, um típico brasileiro, um sertanejo do interior que se “encontrou” na vida.

(transcrito de O Tempo)

19 de março de 2014
Heron Guimarães

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