"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 19 de março de 2014

AS FARC, INIMIGAS DO GÊNERO HUMANO

  Artigos - Terrorismo


Não há um só governo no mundo que que se diga nazista. Em compensação, ainda existem partidos, ativistas e governos comunistas que reivindicam esse passado abominável o qual, para eles, só esteve “a serviço da paz e do progresso”.
 As FARC cometeram crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Tudo isso deve ser esquecido e transformado em fumaça, em virtude do “marco jurídico para a paz”?
Não querem que lhes digam, que lhes recordem, que são criminosos da pior espécie. Os chefes das FARC em Havana dizem que, ao contrário, são inocentes, puros como a neve, não julgáveis e que, além disso, são “vítimas do capitalismo” e do “imperialismo”.
 
Nada mais natural que eles falem assim. As ideologias totalitárias sempre disseram ter uma essência filantrópica. Os nazistas queriam o bem do povo alemão e empreenderam o extermínio dos judeus da Europa.
O comunismo leninista queria salvar a humanidade. Empreendeu o extermínio da aristocracia, da burguesia e usaram os Gulags para construir uma sociedade igualitária, pletórica e livre. O que fez foi destruir a Rússia e a Europa Oriental, como os nazistas destruíram seu próprio país e quase toda a Europa.
 
Esses dois sistemas totalitários gêmeos, ambos surgidos do socialismo, obcecados por chegar à “sociedade perfeita”, haviam descoberto o remédio para todos os males do mundo: o direito, e o dever, de matar.
 
De matar não só indivíduos, senão imensos conglomerados humanos, raças completas, classes completas, sociedades completas, países completos. E o fizeram. A humanidade ainda não se repôs do que eles fizeram. Hoje sabemos que são dois sistemas criminosos, igualmente criminosos.
Com uma diferença: os crimes dos nazistas foram julgados e condenados pela humanidade, em Nüremberg. Desde 1946 até hoje, esses crimes são objeto de processos, estudos, investigações, denúncias e repúdios legítimos e permanentes.
 
Ninguém (ou muito poucos) se dizem membros de um partido nazista. Não há um só governo no mundo que que se diga nazista. Em compensação, ainda existem partidos, ativistas e governos comunistas que reivindicam esse passado abominável o qual, para eles, só esteve “a serviço da paz e do progresso”.
 
Lamentavelmente, a memória histórica trata os crimes comunistas com negligência, temor e covardia. Pois as ditaduras e os partidos comunistas continuam matando em muitos países e não houve, até hoje, um processo de Nüremberg do comunismo. O único país que julgou e condenou um regime comunista foi Kampuchea, com os processos contra os líderes dos Khmer Vermelhos.
 
Como a URSS fez parte do campo vencedor na Segunda Guerra Mundial, o comunismo foi visto como um adversário do nazismo quando, na realidade, a URSS e a Alemanha de Hitler se uniram em 1939, para desatar pouco depois a Segunda Guerra Mundial, a qual levou 60 milhões de pessoas à morte. Stalin e seus sucessores, depois, continuaram matando na URSS e nos cinco continentes. E continuam fazendo na Colômbia.
 
Tratando de explorar essa memória truncada do que foi o comunismo, os senhores Santrich, Márquez, Catatumbo e Granda, dizem em Havana que sua miserável passagem pela vida não deixou vítimas, que todo julgamento sobre eles será nulo. Nos ordenam a que aceitemos o não-pagamento de nem um minuto de cárcere pelas abominações que cometeram e fizeram seus seguidores cometer.
 
Por isso as conversações de Havana são uma operação estranhíssima, e não podem ser uma negociação de paz. A paz não pode ser construída sobre uma base de impunidade e cegueira de todo um país frente aos inimigos da humanidade.
 
As negociações de Havana, entre os enviados de Santos e os enviados de Timochenko, são mais uma forma de opressão e de humilhação que as FARC impõem a suas vítimas e a todos os colombianos.
 
As FARC estão provando que elas, em só alguns meses de contatos, puderam se dar o luxo de fazer o presidente Santos, o senador Barreras, os grupos que os apóiam e até uma parte dos meios de comunicação e alto aparato de justiça, engolir a saída mais abjeta e injusta.
 
Acaso não é isso que significa a utilização do chamado “marco jurídico para a paz”, que é uma anistia encoberta que privilegia o verdugo e sacrifica as vítimas? 
 
As FARC cometeram crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Tudo isso deve ser esquecido e transformado em fumaça, em virtude do “marco jurídico para a paz”? Uma paz que não trará a paz à Colômbia senão uma nova ditadura, quer dizer, a chamada “paz armada com as FARC”.
 
Não vimos nesses dias o próprio promotor geral, Eduardo Montealegre, disposto a esquecer todo o Direito que aprendeu nas universidades? Não é ele quem nos explica agora que as gravíssimas violações dos direitos humanos e do direito penal internacional, podem ser isentas de sanção penal na Colômbia, pois se trata de chegar, “desta vez sim”, à paz com as FARC?
Ele não nos disse que é justo que os chefes farianos escapem da judicialização mediante a via de penas simbólicas, contra o qual diz o resto do mundo, como as convenções de Genebra e os pactos internacionais que a Colômbia subscreveu e, sobretudo, o Estatuto de Roma, criador em 1998 da Corte Penal Internacional? 
 
Tudo isso é algo que o promotor Montealegre nem predicava, nem explicava, nem defendia há alguns meses. A magia de Havana e dos feitiços dos Santrich mostra-se em todo o seu esplendor. Tudo graças ao velho truque leninista de mudar o mundo mudando o nome das coisas do mundo.
 
A Colômbia está, pois, exposta a essa nova tragédia - uma mais - de ver que seu governo, e que uma parte de sua classe política e de suas elites intelectuais, se deixaram entorpecer mediante o embuste da paz fariana.
 
No processo de Nüremberg, os hierarcas nazistas foram acusados de três tipos de delitos:

1. Crimes de guerra, por atos contrários às leis da guerra, como assassinatos fora de combate, matanças, torturas, violações, etc.

2. Crimes contra a humanidade, pelo extermínio e a morte em massa, por atos de genocídio, por exterminar grupos sociais, étnicos e raças.

3. Guerra de agressão, pela premeditação na alteração da paz e por atentar contra a segurança interior de um Estado soberano.
 
As FARC cometeram não um, senão os três tipos de crimes. Porém, elas esperam que esqueçamos isso e que lhes abramos o Congresso, o governo, a justiça, e que lhes entreguemos as universidades, a economia, as terras, a cultura, a juventude e a infância, para que façam o que elas sabem fazer.
 
Porém, a Colômbia vai se opor a esses planos. Uma vasta frente começa se levantar contra o governo de Santos e sua subordinação alucinada ante os desígnios do eixo Cuba-Venezuela.
 
Nesse sentido, o Procurador Geral Ordóñez Maldonado rechaça o “marco jurídico para a paz”, por ser um texto que zomba dos padrões internacionais em matéria de justiça. O ex-presidente Uribe e o povo uribista estão se organizando.
Eles propõem um processo de paz com os pés na terra, e não como o de Santos, com a cabeça no chão.
O Partido Centro Democrático acaba de lançar seu “Decálogo para uma paz com eficácia, justiça e dignidade” que rechaça a falsa divisão “que alguns pretendem, entre radicais militaristas e amigos do diálogo”, e anuncia que os diálogos “não podem se realizar de qualquer maneira nem a qualquer preço”. É necessário apoiar este bloco se não queremos ver a Colômbia dentro de pouco tempo sob a palmatória de Nicolás Maduro.

19 de março de 2014
Eduardo Mackenzie
Tradução: Graça Salgueiro

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