É por gosto ou é por necessidade que o Olavo
de Carvalho desce ao nível do cientificamente pornográfico e do vocabulário
chulo? Minha tese: é por estratégia de defesa. Olavão sinaliza para todos os
interlocutores honestos mas incautos o suficiente para chamá-lo para um debate
sério: “não cometam essa estupidez!”. Assim ninguém passa
vergonha.
Pense bem: Olavo de Carvalho poderia muito bem limitar suas patranhas às patacoadas requeridas pelo seu séquito de extremistas religiosos e ultraconservadores, no entanto ele vai muito além do necessário e procura ultrajar praticamente toda a comunidade internacional de cientistas e de pessoas bem informadas e de bom senso com afirmações absolutamente ridículas. Repito aqui os exemplos citados no último artigo:
A minha tese é que ele faz isso de modo proposital e calculista, como estratégia de gerenciamento de sua carreira pública.
Forrest Gump é um personagem fictício. Ninguém tão estúpido iria tão longe como ele foi, ninguém tão tapado teria uma carreira tão bem sucedida. No mundo real, Forrest Gump seria um charlatão que se faria passar por retardado, pois ninguém teria tanto sucesso se não tivesse uma boa estratégia para se proteger de acontecimentos que pudessem abalar o castelo de areia na beira do mar que seria sua reputação.
Olavo de Carvalho é um espertalhão bem real. Se ele não fosse filosoficamente pornográfico e grosseiro e desagradável no uso do vocabulário, correria o terrível risco de algum trapalhão abestado de algum Centro de Ciência Humanas de alguma universidade convidá-lo para um colóquio ou para uma mesa-redonda, onde ficariam evidentes a verdadeira profundidade do conhecimento filosófico e a capacidade de argumentação do crítico de Galileu, Newton, Einstein e Cantor.
Trollando abertamente, Olavo sinaliza aos acadêmicos mais incautos que entrará em seus recintos vindo diretamente do chiqueiro, colocará as botas sujas de bosta de porco sobre o sofá da sala, dirá palavrões, ofenderá os convidados, soltará fumaça de cigarro na cara das crianças e passará a mão na bunda da filha do dono da casa e talvez até do dono da casa.
É como se ele dissesse: “se vocês me convidarem, me obrigarão passar vergonha por fugir da raia ou por demonstrar minha ignorância, então não se arrisquem, ou nós veremos quem vai passar a maior vergonha por terem convidado para um evento acadêmico um cara como eu!”.
Ao mesmo tempo em que ele sinaliza isso, ele pode tranqüilamente desafiar quem quer que seja para um debate. Nenhum cientista sério ou filósofo de renome se dignaria a dividir um palco com ele. Ele, no entanto, pode até dizer abertamente que ninguém tem peito para enfrentá-lo, porque nenhum cientista sério ou filósofo de renome se dignaria também sequer a responder a um desafio desses.
Mas o público de Olavo de Carvalho foi escolhido a dedo entre caras que acreditam que um judeu morto há dois mil anos vai voltar acompanhado de cavaleiros macabros e anjos com trombetas para causar terremotos, erupções vulcânicas e lançar a maioria da humanidade num lago de fogo onde as pessoas vão queimar vivas por toda a eternidade porque esse judeu e seu papai do céu as amam muito.
É uma ótima estratégia!
08 de janeiro de 2014
Arthur Golgo Lucas
Pense bem: Olavo de Carvalho poderia muito bem limitar suas patranhas às patacoadas requeridas pelo seu séquito de extremistas religiosos e ultraconservadores, no entanto ele vai muito além do necessário e procura ultrajar praticamente toda a comunidade internacional de cientistas e de pessoas bem informadas e de bom senso com afirmações absolutamente ridículas. Repito aqui os exemplos citados no último artigo:
A Pepsi produz refrigerantes com células de fetos abortados. O aquecimento global é uma farsa promovida pelo movimento gayzista pró-governo mundial imposto pela ONU. Mulheres são como cachorros, não são para ser compreendidas e sim amadas e terem suas contas pagas. Obama é um nigeriano comunista que enganou todo o povo dos EUA com uma certidão de nascimento falsificada para poder se eleger presidente e Bill Clinton é um agente chinês infiltrado. Não existem combustíveis fósseis. E não existe nenhuma prova de que a Terra gira em torno do Sol.Ou seja: ele faz questão de ser pornográfico. Tanta patacoada assim junta não tem como ser produzida por acaso nem por convicção.Temos que entender, portanto, por que ele prefere essa estratégia ao invés de se cacifar como filósofo sério nos mundos acadêmico e erudito.
Olavo de Carvalho diz que Galileu Galilei era um charlatão, alega ter refutado tanto a física newtoniana quanto a Teoria da Relatividade, critica Newton e Einstein, diz que a Inquisição não atrapalhou o progresso científico, que Giordano Bruno na verdade foi condenado pelo crime de feitiçaria, alega que astrologia é uma ciência séria obstaculizada por visões partidárias da ciência, acredita na existência do éter, nega a Teoria da Evolução e a Seleção Natural, defende o design inteligente, condena a extremamente complexa matemática dos números transfinitos, que deu origem à Teoria dos Conjuntos, como sendo mero jogo de palavras e afirma que toda a ciência é irracional e que os cientistas não passam de uns fanáticos.
A minha tese é que ele faz isso de modo proposital e calculista, como estratégia de gerenciamento de sua carreira pública.
Forrest Gump é um personagem fictício. Ninguém tão estúpido iria tão longe como ele foi, ninguém tão tapado teria uma carreira tão bem sucedida. No mundo real, Forrest Gump seria um charlatão que se faria passar por retardado, pois ninguém teria tanto sucesso se não tivesse uma boa estratégia para se proteger de acontecimentos que pudessem abalar o castelo de areia na beira do mar que seria sua reputação.
Olavo de Carvalho é um espertalhão bem real. Se ele não fosse filosoficamente pornográfico e grosseiro e desagradável no uso do vocabulário, correria o terrível risco de algum trapalhão abestado de algum Centro de Ciência Humanas de alguma universidade convidá-lo para um colóquio ou para uma mesa-redonda, onde ficariam evidentes a verdadeira profundidade do conhecimento filosófico e a capacidade de argumentação do crítico de Galileu, Newton, Einstein e Cantor.
Trollando abertamente, Olavo sinaliza aos acadêmicos mais incautos que entrará em seus recintos vindo diretamente do chiqueiro, colocará as botas sujas de bosta de porco sobre o sofá da sala, dirá palavrões, ofenderá os convidados, soltará fumaça de cigarro na cara das crianças e passará a mão na bunda da filha do dono da casa e talvez até do dono da casa.
É como se ele dissesse: “se vocês me convidarem, me obrigarão passar vergonha por fugir da raia ou por demonstrar minha ignorância, então não se arrisquem, ou nós veremos quem vai passar a maior vergonha por terem convidado para um evento acadêmico um cara como eu!”.
Ao mesmo tempo em que ele sinaliza isso, ele pode tranqüilamente desafiar quem quer que seja para um debate. Nenhum cientista sério ou filósofo de renome se dignaria a dividir um palco com ele. Ele, no entanto, pode até dizer abertamente que ninguém tem peito para enfrentá-lo, porque nenhum cientista sério ou filósofo de renome se dignaria também sequer a responder a um desafio desses.
Mas o público de Olavo de Carvalho foi escolhido a dedo entre caras que acreditam que um judeu morto há dois mil anos vai voltar acompanhado de cavaleiros macabros e anjos com trombetas para causar terremotos, erupções vulcânicas e lançar a maioria da humanidade num lago de fogo onde as pessoas vão queimar vivas por toda a eternidade porque esse judeu e seu papai do céu as amam muito.
É uma ótima estratégia!
08 de janeiro de 2014
Arthur Golgo Lucas
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