"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

SEXO E CONTROLE SOCIAL

      
libidoAssim, um homem bom, mesmo sendo um escravo, é livre; mas um homem mau, mesmo sendo um rei, é um escravo. Pois ele serve, não apenas a um homem, mas, o que é pior, serve a tantos senhores quantos vícios tem.
Santo Agostinho, em 'A Cidade de Deus'.

Santo Agostinho, escrevendo na época do colapso do império romano, alterou extraordinariamente e encerrou a discussão sobre a idéia de liberdade da Antiguidade. O homem não era escravo pela natureza ou pela lei, como dissera Aristóteles. A liberdade era função do seu estado moral. O homem tinha tantos senhores quantos eram os seus vícios. Este insight proveria a base para a mais sofisticada forma de controle social conhecida pelo homem.
Quatorze séculos depois, em um mundo ávido por rejeitar o patrimônio intelectual do Ocidente, um aristocrata francês decadente inverteu esta tradição quando escreveu “as pessoas mais livres são aquelas mais dispostas a cometer assassinatos”. Como Santo Agostinho, o Marquês de Sade concordaria que a liberdade era função da moralidade. Entretanto, liberdade, para o Marquês de Sade, significava disposição para rejeitar a lei moral.
Diferentemente de Santo Agostinho, Sade propôs uma revolução nas tradições e costumes sexuais para acompanhar a revolução política então em andamento na França. Libido Dominandi – o termo é tirado do Livro I d’A Cidade de Deus de Santo Agostinho – é a história definitiva dessa revolução sexual, de 1773 até hoje.
Ao contrário do pregado pela versão clássica da revolução sexual, Libido Dominandi mostra como a liberação sexual foi, desce o início, uma forma de controle. A lógica é suficientemente clara: aqueles que queriam liberar o homem da ordem moral precisavam impor controles sociais tão logo tivessem sucesso, pois o instinto sexual livre de regras conduz inevitavelmente à anarquia.
Ao longo de duzentos anos, essas técnicas tornaram-se cada vez mais refinadas, resultando em um mundo onde as pessoas seriam controladas, não pela força militar, mas pela hábil manipulação de suas paixões. Aldous Huxley escreveu em seu prefácio para a edição de 1946 de Admirável Mundo Novo que “à medida em que as liberdades política e econômica diminuam, a liberdade sexual tende a aumentar na mesma proporção”.
Este livro é sobre esta afirmação. Explica como a retórica da liberdade sexual foi usada para engendrar um sistema de controle político e social dissimulado. Ao longo dos dois séculos cobertos por este livro, o desenvolvimento de tecnologias de comunicação, reprodução e controle físico – incluindo psicoterapia, behaviorismo, propaganda, sensitivity training, pornografia e, no momento decisivo, a chantagem pura e simples – permitiram ao Iluminismo e aos seus herdeiros inverter o insight de Santo Agostinho e converter os vícios humanos em senhores para os homens. Libido Dominandi é a história de como isso aconteceu.

08 de janeiro de 2014

(O texto acima foi publicado na contra-capa do livro Libido Dominandi: Sexual Liberation & Political Control, de E. Michael Jones.)
Tradução: Ricardo Hashimoto

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