Editorial do jornal O Globo mostra que a Colômbia está bem melhor que o Brasil lulopetista:
A Colômbia deixou de ser um país abalado por décadas de uma guerra contra facções guerrilheiras e cartéis de traficantes de drogas. Sequestros e atentados terroristas praticados pelas Farc, libertação de reféns dos guerrilheiros e cercos a chefes de quadrilhas do narcotráfico deixaram de figurar com destaque no noticiário internacional referente ao país vizinho. Embora a Colômbia não tenha ainda todo o seu território pacificado — está em curso uma negociação entre o governo e a principal facção guerrilheira para pôr fim a essa guerra, depois de as Farc terem se debilitado política e militarmente, com a prisão ou morte de seus líderes —, já se apresenta como importante destino turístico na América do Sul.
Entre outras razões porque a economia colombiana está indo bem. Em 2013, cresceu cerca de 5%, com uma inflação de apenas 1,8%. Em entrevista à “Folha de S. Paulo”, o ministro da Fazenda da Colômbia, Mauricio Cádernas, atribuiu esse bom desempenho a um processo de reformas de longo prazo com objetivo de “estimular investimentos, melhorar o ambiente de negócios e assegurar a entrada do país na OCDE”, organização que reúne as nações economicamente mais ricas.
A Colômbia conquistou a confiança dos mercados ao executar uma política fiscal responsável. Enquanto as taxas básicas de juros estão lá em 3,25% ao ano, para uma inflação inferior a 2%, no Brasil foram elevadas para 10% e mesmo assim a variação dos preços continuaram, em média, próxima dos 6%, bem acima da meta (4,5%) estipulada pelo próprio governo.
É inevitável uma comparação entre os dois países na questão do petróleo. A Colômbia também caminha para ser grande produtor de hidrocarbonetos, em termos relativos. Várias empresas atuam no setor, mas a indústria é igualmente liderada por uma companhia estatal (Ecopetrol), com cerca de 80% das ações em mãos governamentais. A Ecopetrol tem um terço do tamanho da Petrobras, mas seu valor de mercado aumentou de US$ 27 bilhões em 2007, quando lançou ações na bolsa, para aproximadamente US$ 80 bilhões. A Petrobras fez o caminho inverso: depois de valer quase US$ 200 bilhões há alguns anos, atualmente seu valor em bolsa seria da ordem de US$ 90 bilhões.
A Colômbia não caiu na tentação de intervir nos preços dos combustíveis, desatrelando-os das cotações internacionais, como se fez no Brasil. Não por acaso, mesmo sem ter resolvido ainda completamente seus problemas políticos internos, a indústria petrolífera local consegue atrair investidores de fora.
O ano de 2014 será também de eleições presidenciais na Colômbia. Curiosamente, após uma reforma trabalhista que estimulou a criação de empregos formais, a agenda do país estará voltada para um tema considerado muito espinhoso por aqui: mudanças em seu sistema previdenciário.
08 de janeiro de 2014
O Globo, Editorial
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