Denúncias na Caixa resultam de fogo amigo contra Mantega ou de briga do PMDB com PT por mais poder
13 de janeiro de 2014
Fogo amigo gerado pela rede de intrigas do Palácio do Planalto, para enfraquecer ainda mais o ministro Guido Mantega, o padrinho do atual presidente da Caixa. Ou fogo amigo do PMDB, para indicar que precisa de mais poder em cargos estratégicos para garantir fidelidade total a Dilma Rousseff na campanha reeleitoral, evitando traições em favor de Aécio Neves ou Eduardo Campos. Na Caixa, o PMDB direciona os investimentos com os recursos do FGTS.
Essas seriam as razões por trás da revelação de que, no final de 2012, a Caixa Econômica Federal se apropriou, ilegalmente, de R$ 719 milhões que estavam depositados em 525.527 contas de poupança. A burrada teria sido cometida por dirigentes da Caixa ligados a Mantega e Hage. Na Caixa, os peemedebistas ocupam a estratégica vice-presidência de Pessoa Jurídica. Só que gostariam de mais espaço de poder no banco.
Por isso, independentemente de onde vem o “fogo amigo”, a Presidenta Dilma Rousseff não será responsabilizada por mais um assalto cometido pelo governo contra centenas de milhares de poupadores. A “oposição” tentará convocar o presidente da Caixa, Jorge Hereda, para explicar a besteira na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Ontem, no entanto, o governo já temia os efeitos da ação de intimidação dos aliados. A notícia poderia alarmar correntistas e gerar uma onda de saques, a partir desta segunda, na Caixa.
O teatro em torno de tal “denúncia” ficou tão claro que, na versão oficialesca dada em alta velocidade, Dilma teria ordenado ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para dar declarações públicas deixando claro que nenhum poupador seria prejudicado. Para piorar a farsa: quem denunciou o caso, usando dados vazados da Controladoria Geral da União, foi a revista Isto É – editorialmente alinhada com o PT.
A Caixa cometeu crime de apropriação indébita (artigo 168 do Código Penal) foi evidente. O crime contra o sistema financeiro nacional também ficou configurado. Até o “enriquecimento sem causa” (previsto nos artigos 884 a 886 do Código Civil) pode ser imputado à direção da Caixa – e, por que não, ao acionista majoritário, o governo. Mas, como de costume, o caso deve dar em nada.
O fato objetivo é que, no final de 2012, a Caixa Econômica Federal se apropriou, ilegalmente, de R$ 719 milhões que estavam depositados em 525.527 contas de poupança, A ilegalidade foi apontada pela Controladoria Geral da União. O Banco Central já ordenou que a Caixa retire do balanço financeiro R$ 420 milhões (valor da tungada depois dos impostos). A quantia se refere a 6,9% dos R$ 6,1 bilhões do lucro da Caixa em 2012. O resultado ajudou na contabilidade criativa do governo para fazer o superávit primário necessário ao pagamento de juros das intermináveis dívidas da União Federal.
Oficialmente, a Controladoria Geral da União (CGU) detectou três problemas nas contas do banco: a forma de encerramento das contas, as transferências dos saldos para a receita do banco e a transparência da operação nas Demonstrações Contábeis. Por isso, o relatório foi enviado ao BC e ao Tribunal de Contas da União (TCU).
O presidenciável Aécio Neves já aproveitou o episódio Caixa para atingir o desgoverno Dilma, culpando-a pela “falta de limites do governo do PT em sua prática de manipulação contábil, que vem minando a credibilidade das contas públicas do país”. Aécio avisou que o PSDB pedirá esclarecimentos formais à Caixa e, a partir das respostas, “avaliará as medidas legais cabíveis para garantir os direitos dos poupadores brasileiros, assegurar o fiel cumprimento da legislação em vigor e responsabilizar judicialmente os responsáveis.”
A tendência é que mais este escândalo acabe em pizza. Igual ao de 2011, quando foi revelado um obscuro esquema de socorro da Caixa para evitar a quebra do Banco Panamericano – que pertencia ao empresário Silvio Santos. O desgaste no episódio provocou a queda da petista Maria Fernanda Ramos Coelho da presidência da Caixa. No lugar dela, Guido Mantega emplacou Jorge Hereda, e aproveitou para redimensionar a divisão de espaço político no banco com o PMDB. Mas Hereda sempre bate de frente com Geddel Vieira Lima – peemedebista que é vice de PJ da Caixa...
Enfim, na véspera reeleitoral, o fogo amigo começa a comer solto...
Impressões
Teatrinho da futura Senadora
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13 de janeiro de 2014
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
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