"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

COMUNISMO: DÉCADAS DEPOIS, AINDA HÁ SENTENÇAS DE MORTE PARA DISSIDENTES

           
          Notícias Faltantes - Comunismo 
Na semana passada – isso mesmo, no anno domini 2013 – a Suprema Corte romena – isso mesmo, a mais alta corte do país – negou o cancelamento de uma sentença de morte emitida em 1974 pelo desprezível Drácula comunista chamado Ceausescu contra um anti-comunista, Constantin Rauta, hoje cidadão americano. Este “traidor” americano cometeu o “crime” de “trair” a criminosa polícia política comunista romena, a brutal Securitate, e ajudar os Estados Unidos a derrotar o mal soviético.

Seria cômico, se não fôsse totalmente devastador para o prestígio internacional da OTAN e da Romênia.
Rauta é um respeitado cientista americano que, nos últimos trinta anos, trabalhou em importantes projetos aero-espaciais americanos.
A sua Romênia natal em breve será protegida por um sistema de defesa contra mísseis balísticos em cujo desenvolvimento, ironicamente, Rauta trabalhou. A construção das instalações americanas para a interceptação de mísseis em Deveselu, Romênia, está programada para terminar em 2014.
Mesmo assim, a não ser por milagre, Rauta continuará sentenciado à morte naquele país.

Em 23 de novembro de 2002, quando os romenos foram informados oficialmente que o seu país tinha assento na OTAN, um arco-íris apareceu no céu de Bucareste. O presidente George W. Bush, em visita à capital romena naquela época, disse à animada multidão “Deus está sorrindo para nós”.
Deus estava realmente sorrindo para a Romênia. D
e um dia para o outro, aquele país, que havia suportado uma longa e negra história de ocupação pelos romanos, otomanos, fanariotas e soviéticos, não precisava mais temer a dominação estrangeira. As armas americanas – algumas projetadas por Rauta – e os soldados americanos – agora aquartelados na Romênia – estão empenhados em defender a integridade territorial daquele país.

Apesar de alguns membros do sistema judiciário romeno parecerem incapazes de encarar o fato do seu país ter sido admitido na OTAN, apesar deles talvez se deslocarem a bordo de limusines importadas dos países da OTAN, nos últimos cinco anos, 6284 pessoas sentenciadas pelos comunistas por, de uma forma ou de outra, ajudar os Estados Unidos e a OTAN a demolir o império soviético pediram o cancelamento das suas sentenças mas apenas três conseguiram – devido à pressão da mídia.

Mais de 500 mil patriotas mortos ou traumatizados pelos comunistas ainda precisam ser reabilitados.
A Romênia pós-Ceausescu foi transformada para melhor de modo sem precedentes. As barreiras erguidas pelos comunistas e pela Securitate durante 40 anos entre a Romênia e o resto do mundo, bem como entre os próprios romenos, estão caindo lentamente. A propriedade privada está aos poucos sendo gradualmente restaurada, e uma nova geração de intelectuais está lutando para desenvolver uma nova identidade nacional.

Em 18 de dezembro de 2006, o presidente romeno condenou o comunismo como “um regime ilegítimo e censurável”, e pediu desculpas àqueles cujas vidas foram destruídas pelo despotismo. Em discurso à nação, explicou que o direito de condenar os crimes comunistas havia sido dado a ele pela “necessidade de fazer da Romênia um país de leis”. O atual primeiro-ministro romeno, ele mesmo um antigo querelante, concordou totalmente.

É hora da Romênia ajudar os seus poucos juízes supremos que ainda vivem no passado a perceber que estão livres porque pessoas como Rauta sacrificaram a sua própria liberdade para ajudar a libertar a Romênia.

A condenação das heresias do passado é, de fato, o passo mais difícil na transição da tirania para a democracia. Na década de 1950, quando eu era representante-chefe da Missão de Negócios romena na Alemanha Ocidental, testemunhei como o Terceiro Reich foi desmantelado, e como a nação se tornou uma Wirtschaftswunder (milagre econômico), responsável por tornar o país a potência líder da Europa. Mas, só em 1998, a Bundestag foi capaz de adotar uma lei cancelando as sentenças emitidas contra Claus von Stauffenberg, líder de um complô para assassinar Hitler, e contra todos os outros alemães que, de um jeito ou de outro, ajudaram os Aliados a lutar contra o nazismo. Horst Heymann, o presidente da comissão Bundestag que inaugurou esta lei, pediu desculpas ao povo alemão pelo fato do parlamento ter demorado 50 anos para chegar àquele ponto. Agora, os alemães combatentes do nazismo são homenageados no grandioso Haus der Geschichte der Bundesrepublik Deutschland, o novo museu de história do país.

Os alemães precisaram de metade de um século para condenar o nazismo porque aquela heresia havia nascido na Alemanha e estava enraizada no seu solo. O comunismo e a sua polícia política não nasceram na Romênia. Foram importadas da União Soviética, e a Romênia não deve esperar pelas novas gerações para repudiá-los.

É hora do presidente romeno, do primeiro-ministro e do parlamento passarem das palavras à ação e darem início a uma lei estilo Heymann para reabilitar – judicialmente e politicamente – as centenas de milhares de anti-comunistas ainda sentenciados à morte na Romênia, vinte anos após o império soviético ter ruído.
Também é hora dos líderes romenos e da mídia tomarem uma decisão fundamental: o que “traição” realmente significa, e quem é, na verdade, “traidor”?

11 de novembro de 2013
Ion Mihai Pacepa, ex-oficial de mais alta patente que desertou do bloco soviético, é autor, com o professor Ronald J. Rychlak, do livro Disinformation.


Publicado no PJ Media.

Tradução: Ricardo Hashimoto

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