"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

ASSESSOR INVESTIGADO FEZ DOAÇÃO DE R$ 140 MIL A SECRETÁRIO DE HADDAD

A Controladoria Geral do Município investiga um assessor especial da Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo da gestão Fernando Haddad (PT) por suspeita de enriquecimento ilícito e de manter relações com a máfia do ISS (Imposto Sobre Serviços).
 
O titular da secretaria é Eliseu Gabriel, vereador licenciado pelo PSB.
 
O assessor especial, Tony Nagy, doou R$ 140 mil para a campanha a vereador de Gabriel no ano passado, quando era assistente parlamentar dele na Câmara. Desse montante, R$ 110 mil foram doados em dinheiro.
 
Gabriel diz não saber quanto ele ganhava no ano passado. Mas cargo similar ao que ele ocupava recebia cerca de R$ 2.000 líquidos por mês --ou seja, seria preciso cinco anos e oito meses sem gastar um centavo para fazer uma doação de R$ 140 mil.
 
Só para se ter uma ideia do porte da doação de Nagy, o Itaú-Unibanco, o segundo maior banco do país, contribuiu com R$ 30 mil na campanha de Gabriel, que consumiu um total de R$ 1 milhão.
 
A lei prevê que uma pessoa física pode doar no máximo 10% dos seus rendimentos brutos no ano anterior à eleição. Por essa regra, Nagy teria de ter ganhos brutos de R$ 1,4 milhão em 2011.
 
Atualmente, Nagy recebe um salário bruto de R$ 4.852, mora numa cobertura avaliada em R$ 1,5 milhão na Vila Romana (zona oeste) e, eventualmente vai trabalhar com um carro novo da BMW, segundo funcionários da secretaria ouvidos pela Folha.
 
Ele foi procurado desde anteontem pela reportagem, mas não foi localizado.
 
O ESPECIALISTA
 
Nagy diz ser especialista em regularização de imóveis, Plano Diretor e em operações urbanas. Eliseu diz que foi por essa razão que o chamou para trabalhar em seu gabinete. Diz que conhece Nagy "há muito tempo" e que desconhece exatamente quais são as atividades extras dele.
 
A família de Nagy tem uma empresa chamada Aprov Projetos e Regularizações de Documentos Ltda. No ano passado, figuravam como sócios os dois filhos de Nagy, Nathalie e Bruno. O pai assina como testemunha papeis da empresa na Junta Comercial.
 
Nathalie diz em sua página no Facebook que mora em Vancouver, no Canadá. O irmão vive na cidade, mas se apresenta como presidente de uma empresa que faz aplicativos para celulares.
 
Já o pai foi ouvido numa comissão da Câmara que preparava o Plano Diretor, em 2010, como especialista em zoneamento urbano e outorga onerosa, operação em que uma incorporadora paga à prefeitura para construir mais do que seria permitido pela legislação.
 
A secretaria para a qual Nagy trabalha hoje cuida também da aplicação de recursos de operações urbanas e de projetos estratégicos da prefeitura, como a geração de empregos na zona leste.
 
INTERMEDIADOR
 
Uma das suspeitas investigadas pela prefeitura paulistana é que Nagy teria agido como intermediador entre as incorporadoras e os fiscais presos sob acusação de cobrarem propina para reduzir o valor do ISS de imóveis.
 
Quatro fiscais foram presos no último dia 30 sob acusação de terem provocado um prejuízo de R$ 500 milhões para os cofres públicos.
 
A advogada Verônica Horle Barcellos, irmã de Eduardo Barcellos, um dos fiscais presos, também trabalhou no gabinete de Gabriel. Barcellos era o responsável no grupo por manter contatos com políticos, segundo a Folha apurou.

21 de novembro de 2013
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO,  MARIO CESAR CARVALHO  e  ROGÉRIO PAGNAN - Folha de São Paulo

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