Leio na edição de O Globo desta quarta-feira um aviso da Fundação Roberto Marinho para que se apresentem ou se representem os fotógrafos Francisco Pereira, Moacir Gomes e Joel Maia, penso eu que para receberem direitos autorais de obras fotográficas exibida no Museu da Imagem e do Som. O aviso me faz lembrar a criação do Museu da Imagem e do Som, a partir da coleção do radialista e cantor Henrique Froes, conhecido como Almirante, grande pesquisador da música brasileira. A criação do MIS, no governo Carlos Lacerda, foi uma iniciativa que marcou época no acervo cultural da cidade. Foi depois presidido por Ricardo Cravo Albin, entusiasta da ideia e também grande colecionador de obras musicais.
Não só ele, mas também Antonio Muniz Vianna, crítico cinematográfico, José Lino Grunewald, Ely Azeredo, Jorge Ileli, Zuenir Ventura e Salviano Cavalcanti de Paiva. Outros não me lembro exatamente, mas todos os que se engajaram na obra contribuíram amplamente para a difusão de um processo cultural, infelizmente interrompido a partir do primeiro mandato do governador Sérgio Cabral.
CABRAL E MOTTA – O acervo do MIS necessita ser conservado e até mesmo consolidado. Relativamente às obras da música popular brasileira tem que se acrescentar os textos de Sérgio Cabral, pai, Jornalista historiador da música popular brasileira. Não se pode esquecer também Nelson Motta entre as principais figuras de todo o processo de descoberta e redescoberta de obras de arte.
Sobre este assunto, música popular do passado, existe ainda uma grande coleção construÍda pelo saudoso José Lino Grunewald, hoje na posse de sua viúva Ecila e seus dois filhos Rodrigo e Bernardo. Uma coleção bastante ampla acompanhada por textos históricos produzidos e publicados no antigo Correio da Manhã. E o imenso acervo de Ricardo Cravo Albin, reunido no Instituto que leva seu nome, na Urca.
CADÊ A SEDE? – Mas estamos falando do Museu da Imagem e do Som então me surge a pergunta fundamental: o que aconteceu com a sua construção na Av. Atlântica entre as ruas Miguel Lemos e Djalma Urich? As obras iniciadas no primeiro mandato de Sérgio Cabral Filho foram interrompidas. E continuam interrompidas até hoje, quase dez anos depois de iniciada a construção. Um péssimo exemplo para a administração do Estado.
Pezaõ não foi capaz de retomar as obras, não foi capaz de fornecer qualquer explicação, não está sendo capaz no governo de sequer de colocar em dia o pagamento do funcionalismo estadual. A arte, entretanto continua. E com base no aviso publicado pela Fundação Roberto Marinho, sem dúvida abre-se uma perspectiva para que o prédio moderno semierguido na Av Atlântica tenha suas obras retomadas para que seja concluído antes que se torne impraticável seu aproveitamento.
O Museu da Imagem e do Som foi um exemplo para mostrar que a história e a arte também focaliza o presente e eternizam suas realizações para o futuro dos tempos sem fim. Basta lembrar que os museus do mundo reúnem trabalhos de 500 anos atrás, como é o caso de Da Vinci e Michelangelo.
INSENSIBILIDADE – A imortalidade da arte e de seus grandes artistas vai atravessar os séculos do futuro. Devemos esperar que o mesmo aconteça com as obras do passado e do presente armazenadas no MIS. E que sejam conservadas como etapas criativas da arte de fotografar, gravar e destacar seus autores e seus analistas como aqueles que citei nominalmente neste artigo.
O edifício inacabado na Av. Atlântica é uma prova da insensibilidade de um governo cada vez mais condenado pela opinião pública. Entretanto por dever de justiça, temos que lamentar também a omissão silenciosa do Ministério da Cultura. A cultura é um produto essencial para o ser humano e marca sua passagem na terra.
Peço à Fundação Roberto Marinho que defenda o imenso patrimônio cultural carioca.
05 de outubro de 2017
Pedro do Coutto
Nenhum comentário:
Postar um comentário