Na última Pesquisa Datafolha, aparece o ex-presidente Lula com 36%; o deputado Jair Bolsonaro com 16%, a ex-ministra Marina Silva com 14%, e o governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Dória com 8% das intenções de voto de quem já escolheu candidato, ou seja, num universo de apenas um terço do total dos eleitores. A pesquisa aponta também grande rejeição aos que estão na frente.
Mas como explicar a liderança do candidato do PT, depois de tudo o que mostrou a Operação Lava Jato, com Lula já condenado a 9 anos e meio em 1ª Instância, e mais seis processos e outros inquéritos nas costas?
EXPLICAÇÃO – Nos oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, ele seguiu o modelo de desenvolvimento associado ao capital internacional, também chamado pelos jornalistas de “neoliberal”. Teve a petulância de declarar: “A Era Vargas acabou”.
Tal modelo, simplificadamente, se caracteriza por redução da influência do governo na economia, venda de empresas estatais, abertura da economia brasileira aos fluxos de capitais internacionais, diminuição da proteção alfandegária à nossa indústria, salário mínimo baixo (cerca de US$ 90/mês ), grande dependência ao mercado externo.
Deu pífio resultado, gerando nesses oito anos um crescimento médio de 2,2% ao ano, para uma expansão populacional de 1,2%, ao ano, o que significa crescimento de 1% da renda per capital. E depois disso o PSDB já perdeu quatro eleições presidenciais.
A ERA DO PT – O governo Lula/José Alencar ganhou essas quatro eleições, constituindo-se em aliança do PT com a burguesia nacional representada pelo saudoso megaempresário José Alencar, ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, que insistia na tese de que “os juros básicos devem baixar”. O governo petista optou pela volta adaptada da Era Vargas, sob um modelo desenvolvimentista de caráter nacionalista e semiestatal.
Simplificadamente, significa esse modelo: aumento da influência do governo na economia, com proteção à nossa indústria, construção das plataformas, navios, equipamentos etc. no Brasil e com conteúdo nacional de mínimo 65%, investimento estatal em infraestrutura, proteção da exploração do petróleo-gás do Pré-Sal com a obrigação da participação obrigatória de Petrobras com no mínimo 40% etc.
MERCADO INTERNO – Houve, também, prioridade pelo mercado interno, alicerçado em salário mínimo mais alto (cerca de US$ 300/mês, em contraste com os US$ 90/mês do neoliberalismo do PSDB).
Foi implantado o salário mínimo de 40 horas semanais dos professores para R$ 2.500/mês, ainda é pouco, mas antes nem isso existia.
Com a volta da Era Vargas adaptada e com a sorte dos ventos de popa de altos preços de commodities exportáveis brasileiras, o governo Lula/José Alencar chegou quase ao pleno emprego e deu crescimento médio da economia de 4,5% ao ano, para uma expansão populacional de 1,2%.
SAUDADES – O povo tem saudades do pleno emprego e associa esse tempo ao do carismático presidente LULA, bem como grande parte da classe média entende que o melhor modelo de crescimento é o varguista (desenvolvimentismo nacionalista semiestatal).
Trata-se de uma situação bastante compreensível. Quanto à corrupção desenfreada que grassou na Era do PT, ainda há quem entenda que isso é comum a praticamente todos os partidos.
05 de outubro de 2017
Flávio José Bortolotto
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