Numa entrevista de página inteira a Igor Gielow, Folha de São Paulo de segunda-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que os nomes do prefeito João Dória e do apresentador da Rede Globo Luciano Huck são o que existe de novo em matéria de candidaturas a presidente da República nas eleições de 2018. Com isso, concretamente, FHC pronunciou-se em favor do prefeito da cidade de São Paulo, já que a ideia de Luciano Huck só é traduzível como uma peça de humor. Huck, é bom frisar, em declarações recentes admitiu vir a ser candidato, mas tal afirmação não pode ser levada a sério. Luciano Huck nem sequer é filiado a nenhum partido. Dentro de seu projeto terá que se filiar até o final de setembro, pois as eleições são no início de outubro do próximo ano e a lei exige pelo menos um ano de filiação a uma legenda.
Isso de um lado. De outro, a candidatura Luciano Huck só pode ser colocada em termos de brincadeira, uma vez que ele sequer possui atividade política. Mas ao colocar seu nome no teatro da hipóteses, juntamente com João Dória, Fernando Henrique afastou de cogitações, pelo PSDB, os nomes de Geraldo Alckmin,Aécio Neves e José Serra, lembrando a citação de seus nomes na operação Lava-Jato.
DESALOJAR ALCKMIN – Foi uma maneira elegante de destacar João Dória e enfraquecer Geraldo Alckmin, pois como é possível que na Convenção Nacional dos Tucanos Huck, que nem tucano é, possa ter seu nome colocado à frente do nome do governador de São Paulo, e somente atrás da pré-candidatura João Dória?
O PSDB é um dos maiores partidos brasileiros, ao lado do PMDB e do PT, porém deve ser considerado o projeto do ex-governador Ciro Gomes candidatar-se pelo PDT. A candidatura do ex-presidente Lula, bem colocada na pesquisa do Datafolha para o primeiro turno vai depender de seu comprometimento junto à Justiça, uma vez que contra ele pesam diversas acusações relativas à prática de corrupção. Se não for impugnado, o ex-presidente da república concorrerá. Mas se sofrer restrição legal, para onde se deslocará a legenda do PT?
Ciro Gomes joga com a hipótese do afastamento de Lula para substituí-lo junto ao eleitorado do PT, que não possui outro nome para concorrer.
E O PMDB? – Já que estamos no terreno das hipóteses, como procederá o PMDB, outro grande partido estruturado em todos os municípios brasileiros e cujos votos em 2010 e 2014 foram decisivos para eleger a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. Inclusive vale lembrar pronunciamento de Michel Temer, quando ainda era vice-presidente da República, sustentando ser de opinião que o PMDB concorresse com candidato próprio à sucessão presidencial de 2018.
Na ocasião, poderia se pensar que Temer estava inaugurando uma alvorada para si próprio. Entretanto, ao ler-se a recente pesquisa do Datafolha verifica-se que tal hipótese está superada pelos fatos: 61% acham seu governo entre ruim e péssimo, enquanto apenas 9% o julgam entre ótimo e bom, 28% consideram-no apenas regular.
MAS QUEM? – Com um Datafolha assim, dificilmente o PMDB poderá lançar seu nome. Terá que escolher outro candidato. Mas quem? Só o tempo poderá dizer. Vai depender dos fatos que marcarem o desdobramento da Operação Lava-Jato. Afinal de contas a Lava Jato representa um marco histórico na vida brasileira. Porque, pela primeira vez, ladrões de casaca, para citar Hitchcock, ladrões de casaca estão sendo presos, processados e até condenados.
Sentindo que a operação Lava Jato representa esse marco, Fernando Henrique afirmou a importância do papel de Michel Temer como uma fonte de transição. Será um papel histórico ou não representará papel algum. FHC classificou assim o atual governo do país.
09 de maio de 2017
Pedro do Coutto
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