O presidente Michel Temer passou a sexta-feira em São Paulo aconselhando-se com assessores informais do governo. Apesar de avaliar que sua condição é confortável, Temer quer tirar de si a pressão em relação à acusação de que o ministro licenciado da Casa Civil, Eliseu Padilha, recebeu dinheiro de propina da empreiteira Odebrecht para custear a campanha do PMDB.
Com os auxiliares, Temer estuda duas ações para se desvencilhar do constrangimento. A primeira é estimular uma acareação entre seu ex-assessor e amigo José Yunes e o doleiro Lúcio Funaro.
Yunes afirma ter sido um intermediário entre um envelope enviado de Funaro a Padilha. O envelope estaria recheado com dinheiro de propina da empreiteira. Yunes nega que soubesse o teor do conteúdo. Funaro ameaça processá-lo por calúnia. Para Temer, o ideal é que Yunes se submeta à acareação rapidamente para tirar o assunto do foco.
PADILHA EM FOCO -A segunda ação é fazer com que o próprio Padilha pronuncie-se sobre o caso e atraia para si qualquer ônus pelo escândalo tão logo tenha condições de saúde para fazê-lo. O ministro se submeteu a uma cirurgia de próstata e deverá ficar afastado de suas funções por mais uma semana.
Para Temer, se essa tensão for debelada com sucesso, terá campo aberto para fazer passar a reforma da Previdência no Congresso, sem se dobrar aos apelos de cargos e barganhas de aliados, especialmente no Senado.
MARIZ NO PLANALTO – Ainda na estratégia de se fortalecer no Planalto em assuntos sensíveis para o governo, Temer esteve ontem com o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira para discutir uma maneira de viabilizá-lo oficialmente como seu auxiliar, sem que ele tenha que deixar seu escritório e a condução da defesa de réus da Lava-Jato. Entre as ideias, está a criação de uma assessoria ou de um comitê sobre o sistema prisional a ser comandado por Mariz.
— Ainda não temos uma fórmula acabada, mas chegaremos a ela dentro dos próximos dez dias — afirmou Mariz.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Conforme temos noticiado aqui na Tribuna da Internet, Temer não vê a hora de se livrar do chefe da Casa Civil, o último dos caciques do PMDB que habita o Planalto, porque Moreira Franco é fichinha, nunca foi da cúpula do partido. Temer aproveitou o Carnaval, rasgou a fantasia e partiu para cima de Padilha, que será o grande prejudicado se houver uma acareação entre Yunes e Padilha. Mas talvez nem precisasse, porque nesta segunda-feira presta depoimento o executivo Cláudio Melo Filho, ex-diretor da Odebrecht que operava o caixa dois com Padilha. (C.N.)
05 de março de 2017
Mariana Sanches
O Globo
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