"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 5 de março de 2017

A OPÇÃO ENTRE O TINHOSO E O COISA RUIM

Recentemente, ouvi um pronunciamento transmitido de uma Comissão dessas da Câmara dos Deputados, em Brasília, no qual um Deputado defendeu a seguinte tese: Existem corruptos e ladrões na política e no Parlamento Brasileiro, e estes são todos facilmente reconhecíveis, porém não estão sozinhos – nunca estão – nem são eles os únicos responsáveis pelos males que levaram o País ao caos.

Daí o Representante do Sul (se não me engano) explica e argumenta que os Deputados não deferem o orçamento ou ordenam despesas – nunca o fazem -, assim quando dilapidam os cofres públicos têm sempre alguém do executivo que efetiva a ladroagem. Desta forma, quando o roubo acontece e resta impune, no mínimo já são três os larápios e responsáveis, um do legislativo, outro do executivo e alguém do judiciário que não acusou e julgou os infames.

Ressaltando o óbvio, também disse o tal parlamentar que todo esse roubo de dinheiro público – que agora chegou a níveis jamais vistos na história do mundo – está ocorrendo não é de hoje, vem de décadas atrás e, conquanto atenda interesses pessoais, objetiva sustentar um projeto de poder, independente da coloração ideológica.

Na opinião do Deputado, e na minha também, essa corrupção nas hostes governamentais só foi possível alcançar o ponto que se encontra, porque os Tribunais de Contas, o Ministério Público, o Judiciário e suas odiosas corporações, além de “fechar os olhos”, bem conviveram e foram lenientes com tudo isso, em troca do apoio do legislativo e do executivo aos seus astronômicos salários e vantagens, que tornam seus membros uma casta superior de funcionários públicos. Acrescenta, também, que a verdadeira corrupção não está nos casos atingidos pela “Operação Lava-Jato”, e sim no recebimento de salários ilegais, vedados pela Constituição Federal, que se vê nas corporações de agentes públicos, que surrupiam da sociedade algo em torno de 10 bilhões de reais, por ano.

Em defesa de sua sustentação o jovem parlamentar calou seus opositores perguntando: - Os Senhores acham que antes de Moro e de sua incrível e inatingível equipe de auditores, delegados e promotores, não existia corrupção nos três poderes do Governo e em todas as esferas? Respondendo, tornou a questionar: - Está claro que existia, mas por qual razão, antes da “Operação Lava-Jato” os antigos bandidos da política e os agentes corruptos nunca foram importunados, realmente? O Plenário ouvinte ficou mudo...

A menos que, ingenuamente, se acredite que a “Lava-Jato” vá colocar na cadeia a totalidade da classe política desclassificada e os chupins do erário, é claro que afinal permanecerá atuante a grande massa de responsáveis pelo “desastre brasileiro”.

Uma “prisãozinha” aqui, uma condenação acolá, ou mesmo uma grande faxina que resultar dos atuais movimentos de combate à corrupção, efetivamente não mudará o curso da história dos roubos, dos desmandos, da exploração e da incompetência relativos à coisa pública, não enquanto essa gente aí continuar. Tem pessoas que os Juízes Moro, Bretas e outros nunca vão pegar os quais, entretanto, já deram ao País mais prejuízo que muito político ladrão. São todos regalias do mesmo balaio e vão continuar assim misturados.

Mais ainda me dei conta de toda essa vergonhosa situação, quando há pouco recebi de um velho amigo, antigo servidor público e grande patriota, o texto abaixo que gostaria de ter escrito, ironizando a desfaçatez petista no pós “Impeachment” – e da lavra de um autor que não logrei identificar – o qual passo a transcrever, em face de sua acuidade e perspicácia. Grifando, abro aspas:

Fora Temer, quem mais os petistas odeiam? Todo mundo que participa do seu governo (ilegítimo, inconstitucional, fisiológico, entreguista, feio, bobo, golpista, etc). Compactuo do horror que os petistas têm ao Temer, ao seu governo, aos seus ministros.
Com a ressalva de que eu não votei no Temer. Eles, sim. O Temer me caiu de paraquedas, me foi enfiado goela abaixo. Os petistas, ao contrário, escolheram-no. E não uma vez só, mas duas.

Aceito o Temer como quem aceita uma injeção de Benzetacil. Não quero, não gosto, é horrível – mas ou é isso ou a infecção generalizada. Respiro fundo, prendo o choro, xingo a mãe do moço da farmácia e toco o barco.

Como os petistas, não suporto olhar para a cara do Edison Lobão, nobre presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Mas, ao contrário dos petistas, eu também não o suportava quando ele era Ministro de Minas e Energia de Lula e de Dilma.
Compartilho com os petistas uma profunda antipatia pelo Presidente do Senado, Eunício Oliveira. Só que eles o achavam simpaticíssimo quando era Ministro das Comunicações de Lula.

Eliseu Padilha, braço direito do golpista, quem consegue confiar nesse sujeito? Os petistas, certamente – pelo menos enquanto foi Ministro da Aviação Civil da finada Presidenta.

Como não me solidarizar com os petistas no asco pelo Geddel Viera Lima, o do apartamento com vista pro mar em Salvador? Mas o asco deles é recente, só desabrochou depois que ele deixou de ser Ministro da Integração Nacional do viúvo de D.Marisa.

Ah, Romero Jucá, o surubático Romero Jucá…Impossível não ser tomado de ojeriza ao vê-lo, ouvi-lo, imaginá-lo. Exceto os petistas, que surubaram com ele sem pudor algum enquanto era Ministro da Previdência Social do Lula.

E Silas Rondeau, encalacrado na Lava Jato, indiciado por tráfico de influência? Abominável, diriam os petistas – e eu concordo. Mas os petistas só acham isso depois que ele deixou de ser Ministro de Minas e Energia. De quem? Ganha um sítio em Atibaia quem adivinhar.

E tem ainda Moreira Franco, estrategicamente nomeado pelo nefasto Temer apenas para adquirir foro privilegiado. Se bem me lembro, ele teve o mesmo foro como Ministro de Assuntos Estratégicos de Dilma, e ninguém falou nada.

Eu não gosto do Temer, mas desde sempre. Os petistas, esses só começaram a desgostar quando ele se cansou de ser um vice-decorativo e resolveu partir para novos desafios.

Por isso entendo quando entram em transe (e em loop)com seu mantra“Fora,Temer”. É que levaram cinco anos para saber que ele existia (e que existiam Moreira Franco, Jucá, Eunício, Rondeau, Padilha, Geddel), e só aí começar a ladainha. “fecho aspas”.

Penso que o bom comentarista deixou de destacar o nefasto Renan Calheiros, um jagunço que virou “coroné”, ex-aliado de Lula e Dilma, exemplo de homem público nocivo e desonrado.

Não obstante como todos vimos, por conta de um funeral com cara de comício político, os abraços sentidos e comovidos entre os velhos caciques ou chefes de quadrilhas que andavam meio estremecidos, já ocorreram. Certamente que vão se compor para salvar a si ou salvarem os seus feudos, e certo é, também, que vão continuar mantendo os asseclas e comparsas na máquina pública. Ficou, até aqui, para o povo a opção, de escapar do “garfo do capeta”, para cair no “laço do praga de mãe”
05 de março de 2017
josé mauricio de barcellos

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