Carl Sagan explica: o futebol fascina porque ele evoca as caçadas ancestrais que permitiram ao homem sobreviver e criar a civilização. Na caçada, predominavam, ao mesmo tempo, o espírito coletivo - em que todos eram responsáveis pela vida do companheiro (a atuação em grupo era imprescindível para atingir-se o objetivo final da caçada, o abate do animal) - e o lance individual do caçador com dons e atributos privilegiados, aquele caçador que, quando tudo parecia perdido e irreversível, garantia a captura do animal, num lance de gênio, a lança certeira, o salto ágil, o olhar atento, o ouvido apurado, a manobra maliciosa.
Isto pode explicar porque o futebol mobiliza bilhões de pessoas em todo o planeta. Não fosse isto, nenhuma campanha de marketing, ou propaganda bem feita, conseguiria explicar ou manipular a paixão do homem pelo futebol. São as memórias ancestrais do ser humano.
Salto com vara é bonito? É. Bater um record olímpico é louvável? É. Mas não basta.
25 de agosto de 2016
Miriam Macedo
NOTA AO PÉ DO TEXTO
Sei não... Algum elo ficou exagerado nesta busca do imaginário que alimentou o inconsciente do homem primitivo, e que resultou na transformação do futebol em espetáculo de multidão. Fico com o marketing esportivo e os interesses de empresários que lubrificam a máquina.
O gol não representa apenas a vitória de uma equipe, mas a glória de quem o faz (e sobretudo de quem o patrocina).
O animal abatido não pertence a equipe, mas a quem o abateu...
O animal abatido não pertence a equipe, mas a quem o abateu...
Observo que em alguns lances, quando o mérito maior é de quem conduziu com malabarismos e firulas e preparou toda a finalização, até a bola balançar a rede adversária, o que deu o chute final, muita vezes um verdadeiro mamão com açúcar, recebe os louros e os abraços, e fica esquecido aquele que armou e preparou o final glorioso. A foto é solitária e mostra apenas o herói consagrado com o gol... E, acrescente-se, que o valor do seu passe sobe alguns milhões.
Fico com o marketing, que alimenta o inconsciente competitivo do homem (o animal solitário que disputa a maior quantidade de alimento e a melhor fêmea) e o transforma no ideal de conquista social e riqueza.
E ao ficar com o marketing, desprezo a belíssima e poética metáfora da caçada coletiva, que elege o melhor guerreiro e finalizador do abate do animal.
Que me perdoe Carl Sagan, mas o pragmatismo e o dinheiro não exigem rima nem imaginação...
No mais...
m.americo
Fico com o marketing, que alimenta o inconsciente competitivo do homem (o animal solitário que disputa a maior quantidade de alimento e a melhor fêmea) e o transforma no ideal de conquista social e riqueza.
E ao ficar com o marketing, desprezo a belíssima e poética metáfora da caçada coletiva, que elege o melhor guerreiro e finalizador do abate do animal.
Que me perdoe Carl Sagan, mas o pragmatismo e o dinheiro não exigem rima nem imaginação...
No mais...
m.americo
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