Hoje o Banco Central inicia a primeira reunião do Copom sob a presidência de Ilan Goldfajn. É praticamente consenso que os juros não vão cair, ficando em 14,25%. Mas o mercado espera redução de um ponto percentual na taxa até o final deste ano, para chegar a 11% no final do ano que vem. Numa série de indicadores, os bancos e consultorias estão com previsões melhores do que há quatro meses.
Na taxa de juros, por exemplo, em março, os números eram 14,25% para a Selic ao fim deste ano e 12,5% ao fim de 2017. As estimativas colhidas semanalmente pelo Banco Central junto a bancos e consultorias estão mostrando uma melhora gradual. As projeções para o PIB do ano que vem eram de 0,2%, em abril; estão agora em 1,1%. A expectativa de inflação de 2017 caiu de 6% para 5,3%. Os economistas esperam o dólar menos valorizado, queda dos juros e ligeira recuperação da indústria.
O gráfico mostra o efeito da mudança de percepção em relação ao Produto Interno Bruto. As projeções para o PIB de 2017 vinham em queda contínua desde 2014. Com a possibilidade do impeachment, as estimativas começaram lentamente a mudar. Também houve redução da queda do PIB para este ano. Projetavam uma recessão de 3,8%. Agora acham que será de 3,2%.
— O país vivia uma onda enorme de pessimismo, por causa da equipe econômica totalmente desacreditada, e agora o mercado já começa a enxergar uma melhora gradual à frente — disse Alexandre Póvoa, presidente da Canepa Asset Brasil.
O grande problema da nossa economia, explica Póvoa, continua sendo a incerteza fiscal. Depois do rombo de R$ 170 bilhões este ano, o governo Temer ainda projeta um déficit de R$ 140 bi no ano que vem. Segundo o economista, é isso que impede uma melhora mais rápida nos indicadores de confiança, o que poderia provocar a volta do investimento e dar início a um novo ciclo mais forte de alta do PIB.
— Em um governo de transição, tudo é mais lento. Acredito que se o impeachment for aprovado em agosto a recuperação da confiança pode ficar mais forte, e o governo Temer poderá encaminhar projetos mais estruturais, que reequilibrem as contas públicas no médio e longo prazos. A mudança na Câmara já foi muito boa, nesse sentido.
Ontem, o índice Ibovespa teve a nona alta seguida, subindo mais 1,6% e voltando a 56 mil pontos, o maior patamar em 14 meses. As ações da Petrobras subiram mais 4,8%, e o banco suíço UBS emitiu relatório recomendando a compra das ações da petrolífera. Em parte, porque o mercado está apostando que haverá um programa forte de venda de ativos.
Como a equipe econômica anterior havia cometido erros demais, a expectativa melhorou bastante depois da troca de ministros. Apesar disso, há muita desconfiança em relação aos indicadores fiscais, porque o país permanece com déficit muito alto.
Há melhoras substantivas, ou seja, não só de percepção. A média diária das importações subiu quase 10% em junho e julho. E isso é um indicador de aumento do nível de atividade, segundo o presidente da Associação do Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro.
Para manter esse clima, o governo terá que ser mais coerente do que foi até agora com relação à questão fiscal. Para as famílias, o importante é começar a melhorar os dados do mercado de trabalho. E isso vai demorar ainda, infelizmente. De qualquer maneira, lentamente os indicadores vão melhorando, e a percepção de diferentes setores, tanto da população, quanto do mercado financeiro, começa a mudar.
19 de julho de 2016
Miriam Leitão, O Globo
Na taxa de juros, por exemplo, em março, os números eram 14,25% para a Selic ao fim deste ano e 12,5% ao fim de 2017. As estimativas colhidas semanalmente pelo Banco Central junto a bancos e consultorias estão mostrando uma melhora gradual. As projeções para o PIB do ano que vem eram de 0,2%, em abril; estão agora em 1,1%. A expectativa de inflação de 2017 caiu de 6% para 5,3%. Os economistas esperam o dólar menos valorizado, queda dos juros e ligeira recuperação da indústria.
O gráfico mostra o efeito da mudança de percepção em relação ao Produto Interno Bruto. As projeções para o PIB de 2017 vinham em queda contínua desde 2014. Com a possibilidade do impeachment, as estimativas começaram lentamente a mudar. Também houve redução da queda do PIB para este ano. Projetavam uma recessão de 3,8%. Agora acham que será de 3,2%.
— O país vivia uma onda enorme de pessimismo, por causa da equipe econômica totalmente desacreditada, e agora o mercado já começa a enxergar uma melhora gradual à frente — disse Alexandre Póvoa, presidente da Canepa Asset Brasil.
O grande problema da nossa economia, explica Póvoa, continua sendo a incerteza fiscal. Depois do rombo de R$ 170 bilhões este ano, o governo Temer ainda projeta um déficit de R$ 140 bi no ano que vem. Segundo o economista, é isso que impede uma melhora mais rápida nos indicadores de confiança, o que poderia provocar a volta do investimento e dar início a um novo ciclo mais forte de alta do PIB.
— Em um governo de transição, tudo é mais lento. Acredito que se o impeachment for aprovado em agosto a recuperação da confiança pode ficar mais forte, e o governo Temer poderá encaminhar projetos mais estruturais, que reequilibrem as contas públicas no médio e longo prazos. A mudança na Câmara já foi muito boa, nesse sentido.
Ontem, o índice Ibovespa teve a nona alta seguida, subindo mais 1,6% e voltando a 56 mil pontos, o maior patamar em 14 meses. As ações da Petrobras subiram mais 4,8%, e o banco suíço UBS emitiu relatório recomendando a compra das ações da petrolífera. Em parte, porque o mercado está apostando que haverá um programa forte de venda de ativos.
Como a equipe econômica anterior havia cometido erros demais, a expectativa melhorou bastante depois da troca de ministros. Apesar disso, há muita desconfiança em relação aos indicadores fiscais, porque o país permanece com déficit muito alto.
Há melhoras substantivas, ou seja, não só de percepção. A média diária das importações subiu quase 10% em junho e julho. E isso é um indicador de aumento do nível de atividade, segundo o presidente da Associação do Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro.
Para manter esse clima, o governo terá que ser mais coerente do que foi até agora com relação à questão fiscal. Para as famílias, o importante é começar a melhorar os dados do mercado de trabalho. E isso vai demorar ainda, infelizmente. De qualquer maneira, lentamente os indicadores vão melhorando, e a percepção de diferentes setores, tanto da população, quanto do mercado financeiro, começa a mudar.
19 de julho de 2016
Miriam Leitão, O Globo
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