O fato de a solução do CIEP interessar à Inglaterra vem a destruir todas as mentiras deslavadas propaladas pelas elites, pela então deputada Sandra Cavalcanti, defensora da escola de três turnos do governo Carlos Lacerda, pela Organização Globo, por Roberto Marinho que bombardeou o máximo que pôde o projeto especial de educação criado por Leonel Brizola, Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer. Os argumentos falaciosos eram que as escolas eram muito caras, situadas nas beiras das estradas e outras besteiras desse jaez.
Brizola foi realmente o único governante brasileiro que priorizou a educação. Construiu 6.300 escolas durante seu mandato como governador no Rio Grande do Sul entre 1959 e 1963, e mais os 500 CIEPs no Estado do Rio de Janeiro, com capacidade para 1.000 alunos cada.
A concepção de Anísio Teixeira foi aperfeiçoada por Darcy Ribeiro, que até transformou os camarotes do sambódromo na maior escola pública do mundo.
TEMPO INTEGRAL – No Brasil, as escolas tinham que ser em tempo integral porque as nossas crianças pobres não tinham o que comer em casa nos anos 80, entravam no CIEP às 8 da manhã, tomavam o café e tinham aulas, inclusive de educação física, até o meio-dia, quando almoçavam. À tarde, faziam os deveres de casa no estudo dirigido, auxiliadas pelos professores, pois em casa muitas vezes não tinham nem mesa onde pudessem escrever, muito menos orientação pedagógica. Por fim, no final da tarde, lanchavam, tomavam banho e iam para casa.
Lembro que na época, meados dos anos 80, primeiro mandato de Brizola no RJ, havia uma lavadeira que trabalhava para minha mãe, que sempre comentava que saia tranquila, pois sabia que o neto estava no CIEP e não na rua, onde podia ser cooptado pelo crime.
BOICOTE CRIMINOSO – Cada CIEP comportava 1.000 alunos em tempo integral. Já pensaram se houvesse havido continuidade administrativa em relação a esse projeto? Teriam sido 500 mil crianças beneficiadas por ano nos últimos 30 anos (1986 – 2016). A situação dessas crianças, pelo menos no RJ, seria bem melhor do que hoje.
Além disso, dada a carência socioeconômica de nossas crianças pobres, era necessário ter uma visão integrada em relação à educação no sentido de que, além da instrução pública, a escola pública teria que fornecer alimentação, assistência médica, odontológica e até moradia, como era o caso dos meninos pobres órfãos que moravam com a família de policial militar ou bombeiro no último pavimento do CIEP, onde havia um apartamento e um dormitório.
19 de julho de 2016
Carlos Frederico Alverga
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