Um grupo extremista no Brasil declarou lealdade ao Estado Islâmico (EI, ex-Isis) e criou um canal chamado “Ansar al-Khilafah Brazil” na rede social Telegram, que se assemelha ao popular WhatsApp. A informação foi divulgada pela especialista norte-americana em monitoramento de atividades terroristas na web Rita Katz, do SITE, nesta segunda-feira (18).
De acordo com Katz, esta é a primeira vez que uma organização anuncia aliança com o Estado Islâmico na América do Sul e declara submissão ao líder do califado, Abu Bakr al-Baghdadi.
Dentro do canal no Telegram, o “Ansar al-Khilafah Brazil” comentou que, “se a polícia francesa não consegue deter ataques dentro do seu território, o treinamento dado à polícia brasileira não servirá em nada”, referindo-se ao apoio que agências internacionais de inteligência têm oferecido ao governo brasileiro na prevenção de ataques terroristas durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
ANTES DA OLIMPÍADA – Em um post no Twitter, Katz ressaltou que o grupo está aproveitando o momento para espalhar a ideologia extremista antes da competição esportiva. No fim de maio, o Estado Islâmico criou o primeiro canal em português da organização, também dentro do Telegram. A página, para propaganda do califado, é uma versão em português do já existente “Nashir Channel”.
Procurada pela Ansa, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ainda não retornou ao contato sobre a suposta aliança de um grupo no Brasil ao Estado Islâmico.
O cientista político Heni Ozi Cukier, professor de Relações Internacionais da ESPM, disse em entrevista à Ansa que qualquer ameaça precisa ser verificada para se constatar se é falsa ou real. “Pode ser só uma oportunidade de aterrorizar antes dos Jogos”, afirmou, destacando, porém, que, caso seja verdadeira, o Brasil precisa aumentar sua vigilância.
Na semana passada, a Assembleia Nacional da França publicou o relatório de uma audição com o chefe da Direção de Inteligência Militar (DRM), general Christophe Gomart, no qual o especialista admitia ter informações de que o Estado Islâmico planejara um atentado contra a delegação francesa durante os Jogos.
MEDIDAS EXTRAS – A Olimpíada do Rio de Janeiro será realizada entre os dias 5 e 21 de agosto. Devido ao massacre em Nice há quatro dias, quando Mohamed Bouhlel atropelou uma multidão e matou 84 pessoas, o governo brasileiro adotou medidas extras de segurança para os Jogos.
Neste domingo (17), foi realizado o terceiro treinamento de forças conjuntas para simular a cerimônia de abertura, que ocorrerá no Maracanã. A estimativa é de que cinco mil homens da Força Nacional de Segurança Pública e 21 mil oficiais das Forças Armadas, além do contingente fixo do Rio de Janeiro, façam a segurança durante os Jogos Olímpicos.
(Matéria enviada pelo comentarista Paulo Peres)
(Matéria enviada pelo comentarista Paulo Peres)
19 de julho de 2016
Deu na Ansa (Itália)
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