"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 19 de março de 2016

JANOT FAZ SUSPENSE SOBRE CONSEQUÊNCIAS DA DELAÇÃO DE DELCÍDIO



Janot vai mesmo investigar as estrelas da política?


















PARIS – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou na manhã desta quarta-feira, 16, que, “tendo inícios de crime” na delação premiada do senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS), o Ministério Público Federal abrirá um inquérito para investigar os suspeitos. “Nós temos um material, que estamos examinando”, afirmou, ao ser abordado pelo Estado sobre a colaboração do parlamentar, em Paris. “É como deve ser”, argumentou, usando uma expressão em francês. “Se houver um indício a gente vai abrir investigação, independente de quem seja.”
Questionado se o inquérito poderia envolver inclusive a presidente Dilma Rousseff, Janot afirmou que todos podem entrar na investigação. “Nós estamos em uma República. Ninguém tem privilégio nem tratamento diferenciado”, disse. Em sua delação, o senador envolveu nomes como o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Michel Temer, do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Janot afirmou que não escolherá um ou outro nome se for abrir inquérito. “Todos. Todos são iguais. É como deve ser.”
Janot informou ainda que eventuais novas investigações não se baseariam apenas nos documentos do testemunho de Delcídio e disse dispor de outros elementos, sobre os quais não quis entrar em detalhes.
CORRUPÇÃO NO BRASIL
Mais cedo, o procurador-geral havia evitado comentar a colaboração do ex-líder do governo Dilma Rousseff. Janot está em Paris para um evento sobre cooperação internacional para o combate à corrupção na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em seu breve discurso na Convenção Anticorrupção da OCDE, Janot destacou que o Brasil, como um dos países signatários da convenção, “segue de perto” as reuniões desde 2009, eventos que definiu como um “instrumento de peso para trocar experiências e contatos”.
Sem mencionar nenhuma investigação específica, destacou a importância da convenção. “Isso se revelou de grande importância quando o Brasil pôde obter informações na primeira grande acusação criminal contra uma empresa brasileira. Tratava-se da corrupção de um caso de corrupção de autoridades brasileiras”, lembrou.
Janot disse ainda que o Estado brasileiro tem aperfeiçoado os instrumentos de luta contra a corrupção. “Aprovamos a lei de corrupção de empresas, lei relativa à responsabilidade civil e administrativa em matéria de corrupção. Também fizemos uma formação para funcionários públicos para identificar e combater a corrupção transnacional”, enumerou. O procurador-geral destacou ainda que o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União trabalham de forma mais estreita “com o objetivo de identificar e traduzir em Justiça os casos de corrupção transnacional e impedir o vazamento de informações e documentos sobre um dos mais graves casos de corrupção da história do Brasil”.
DE VOLTA AO BRASIL
O procurador-geral chegou à capital francesa vindo de Helsinque, na Finlândia, onde participou de uma reunião do Comitê Executivo da Associação Internacional de Procuradores (IAP). Mas desta vez Janot e Vladimir Aras, secretário de Cooperação Jurídica Internacional da PGR, não se encontraram com a procuradora nacional financeira, Éliane Houlette, chefe do Ministério Público Financeiro da França, como aconteceu em abril de 2015.
Do evento em Paris também participa o procurador-geral suíço Michael Lauber, com quem a PGR brasileira negocia a cooperação internacional por meio da quebra de sigilos bancários e o envio de documentos à Operação Lava Jato.
Janot e Lauber se reencontraram quinta-feira, em Berna (Suíça), na última etapa da turnê europeia do procurador-geral brasileiro, que de Paris segue este sábado para Brasília...

19 de março de 2016
Andrei Netto
Estadão

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