Ao incluir Aécio Neves entre os senadores que, a seu ver, integram o grupo da corrupção investigada pela Lava-Jato, Delcídio Amaral, que na delação premiada a que se propôs a fazer já havia abalado as posições do ex-presidente Lula e do governo Dilma, agora atingiu o parlamentar mineiro, ampliando a divisão do PSDB, numa investida que pode influir no julgamento do TSE sobre o resultado das urnas de 2014.
A sequência é exatamente esta, dando curso à mobilidade política, que é de fato ininterrupta. A paisagem muda a todo momento. A inclusão de Aécio Neves no palco da corrupção na Petrobrás acentua e fomenta a divisão interna que predomina no PSDB. Como já escrevi recentemente, três são as facções em que se dividem os tucanos. O grupo de Aécio, que joga na anulação do segundo turno das eleições; a corrente de Geraldo Alckmim. que se empenha para a candidatura do governador paulista em 2018; o setor liderado por José Serra, que se volta a favor do impeachment e tem como alvo também o Palácio do Planalto, mas através de um acordo com Michel Temer, se este vier a assumir a presidência.
FHC ESTÁ DE QUE LADO?
De que lado está o ex-governador Fernando Henrique? A mim parece que está naquele no qual se encontra Aécio. Tanto assim que, nas prévias para a Prefeitura de São Paulo, não apoiou João Dória, candidato do governador do estado. Todos esses fatos, sem dúvida, poderão refletir no julgamento do TSE sobre as eleições de 2014. Afinal os recursos apresentados foram assinados pelo presidente do PSDB, exatamente o senador Aécio Neves.
A anulação do pleito resultaria numa nova candidatura dele nas urnas a serem instaladas em 2016. Mas isso se a decisão final nesse sentido ocorrer até o final de dezembro. Se vier a ser transferida para 2017, o país ingressaria no terceiro exercício do mandato presidencial e, em tal circunstância, a sucessão deixaria de ser pelo voto direto e passaria a ser indireta, cabendo ao Congresso eleger o sucessor ou sucessora. Em tal hipótese, Aécio Neves, abalado por Delcídio, deixaria de constituir uma solução, passando a representar um problema. Veja só os leitores o dinamismo da política.
Uma decisão do ainda senador Delcídio Amaral pode influir pesadamente no palco dos acontecimentos e alterar rumos que estavam sendo projetados. Estavam sendo. Agora as perspectivas passam a ser outras.
10 de março de 2016
Pedro do Coutto
Nenhum comentário:
Postar um comentário